Por Ana Margarida Pinheiro, in Dinheiro Vivo
A taxa de desemprego tem vindo a cair de forma consistente desde fevereiro do ano passado e o mercado começa a dar sinais de alguma vitalidade. Os números mais recentes do IEFP apontam para uma redução do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego, menos pedidos de emprego e mais empregos oferecidos. O problema? É que aumentam também os empregos que ninguém quer. Resultado? Há mais emprego, mas também há mais emprego por preencher.
Os números do IEFP mostram que no final de junho estavam sem emprego 614 982 portugueses, tendo sido registado um total de 870 448 pedidos de emprego - 70,7% por pessoas desempregadas. Por seu turno, as ofertas disponíveis cresceram 24,5% em junho face ao registado em maio do ano 2013, ainda que a tenha havido menos 2000 vagas do que em maio. Mas, de acordo com os mesmos dados de junho, ficaram por preencher 22 290 ofertas de emprego disponibilizadas pelo IEFP, o que representa uma subida de 38,1% face ao mesmo período do ano passado, a subidaelativamente ao mês de maio, a subida é de 6,2%.
Este aumento das vagas de emprego por preencher é fruto do aumento das vagas disponíveis e de uma redução do número de pessoas que as procuram, mas a oferta ainda está bem longe de se adequar à procura o que aumenta o peso de um outro factor: a qualidade do emprego oferecido, e que se degradou com a crise. São mal remunerados, de curta duração e, muitas vezes a tempo parcial. Pior: deixam de fora os jovens sem experiência, tal como as pessoas bem qualificadas.
Os números do IEFP mostram que a maior parte das colocações feitas nos últimos meses têm recaído nos trabalhadores não qualificados que, em junho, representaram 24,4% do emprego criado em Portugal (2056 empregos criados).
Exemplo disso mesmo é, por exemplo, uma oferta visível no site do IEFP para um Enfermeiro de cuidados gerais, no Barreiro, cujo contrato oferecido é a tempo parcial e a termo certo (6 meses) a uma remuneração de 550 euros. Em Lisboa pode observar-se uma oferta para a área da Publicidade e Marketing, onde se exige pelo menos uma licenciatura, se oferece um contrato por 12 meses, a tempo completo e, em troca, os mesmos 550 euros.