Por Notícias Ao Minuto
A diretora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa Maria José Morgado, em entrevista ao Diário Económico, revela esta sexta-feira que considera que, mesmo após a saída da troika, Portugal se encontra numa posição de “liberdade condicional”, afirmando ter “vergonha” pela pobreza e desemprego que se vivem no país.
Maria José Morgado afirma esta sexta-feira em entrevista ao Diário Económico que considera que Portugal continua “com a pulseira eletrónica. Em liberdade condicional”, isto porque apesar de tudo ficamos ainda sujeitos a exames do FMI e com medidas orçamentais difíceis de cumprir, acrescentando ainda que “os Governos dos últimos 15 ou 20 anos entraram num regime esbanjadouro que só podia trazer este resultado [o resgaste da economia portuguesa], acrescentando ainda que, apesar deste processo de ajustamento “os problemas não estão resolvidos”.
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Sobre as desigualdades geradas pela crise económica verificada nos últimos anos, a diretora do DCIAP diz ter vergonha de situações de pobreza, sustentando que “não há nenhuma liberdade com fome, nem com a barriga vazia”, elegendo a injustiça fiscal como um dos males a ser combatido.
Para Morgado vivemos um período de “medo” onde a “desigualdade endémica tremenda, o aumento do desemprego e as políticas de esbanjadouro nos swaps, nas PPP e nos estádios. E agora as famílias e as empresas estão a pagar a factura, provavelmente, do que não fizeram”, atirou.
Relativamente ao estado da Justiça em Portugal, diz que “não temos aJjustiça que o povo merece”, sendo que se tivesse de fazer um balanço do seu percurso no Ministério Público este seria “negativo, porque gostaria de ter tido melhores resultados, consequências sérias no combate à corrupção”.
Sobre este último tópico, considera a magistrada que “quanto mais se muda as leis, pior é” isto porque se geram “aproveitamentos , que levam à impunidade”. Assim, defende, “a lei não é nada. Quem faz a lei é o juiz que a aplica. A pior lei do mundo, com o melhor juiz do mundo, dá um bom resultado”, considerando que “um magistrado tem de lutar pela justiça da justiça”.