28.8.08

Limiar da pobreza com mil milhões dentro de sete anos

Sérgio Duarte, in Jornal de Notícias

Banco Mundial revela que há hoje menos 500 milhõesde pobres, mas em África a situação é dramática

Dentro de sete anos vai haver mil milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza. Este número corresponde a metade dos pobres que existiam em 1990, mas os progressos a nível mundial têm sido desiguais.

Mas a situação evoluiu lentamente: em 2015, deverá haver ainda cerca de mil milhões a viver com menos de 1,25 dólares por dia, de acordo com um estudo do Banco Mundial.

Apesar do número corresponder a metade dos que viviam nessas condições em 1990, a maioria dos que ultrapassarem o limiar de pobreza extrema vão continuar pobres, pelo menos tendo em conta os padrões de países com um nível de vida médio.

Estimativas económicas mais precisas, divulgadas ontem, mostram que há mais pessoas em situação de pobreza extrema do que anteriormente se pensava. Mas é verdade, também, que o número tem vindo a diminuir de forma consistente desde os anos 80.

Segundo os novos dados, um em cada quatro habitantes dos países em vias de desenvolvimento vivia abaixo do limiar da pobreza, em 2005. Uma descida considerável relativamente a 1981, quando metade dos habitantes se encontravam nessa condição. Em termos absolutos, há menos 500 milhões de pobres em todo o mundo.

Os progressos têm, no entanto, sido desiguais e com o crescimento da população, a descida percentual nem sempre corresponde a uma diminuição do número de pessoas atingidas.
No continente africano a situação é dramática. Na África Subsariana a pobreza manteve-se estável em termos percentuais - atingindo cerca de metade da população - mas quase duplicou em termos absolutos. Em 1981, atingia 202 milhões de pessoas e, em 2005, 384 milhões.

Há três anos, o consumo médio de um habitante pobre da região era de cerca de 70 cêntimos por dia. O caso africano é de tal modo grave que se prevê ser necessária uma taxa de crescimento muito superior à de outras regiões para obter resultados equivalentes em termos de redução da pobreza.

Os melhores resultados registaram-se na Ásia Oriental. Na que era a mais pobre região do mundo, em 1981, a pobreza baixou de 80 para 20%. Já no Sul da Ásia, apesar da descida percentual, o número de pobres aumentou de 548 para 596 milhões.

Na América Latina e Caraíbas, o número manteve-se nos 45 milhões, apesar de, em 2005, estes corresponderem apenas a 8% da população, contra os 12% de 1981.

Pior está a situação na Europa de Leste e Ásia Central, tanto em termos absolutos como percentualmente. O número de pobres mais do que triplicou entre 1981 e 2005, passando de sete para 24 milhões, apesar de isso corresponder apenas uma subida de 3%.