12.8.08

Ruas: Desigualdades regionais fruto má política investimentos

in Dinheiro Digital

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Fernando Ruas, responsabilizou hoje a «política errada de investimentos» do Estado que privilegia o «litoral e grandes cidades» pelo maior risco de pobreza no Norte e Madeira.

Segundo o Inquérito às Despesas das Famílias 2005-2006 divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a região de Lisboa registava o nível mais baixo na taxa de risco de pobreza, situada em 12 pontos percentuais, enquanto a região do Norte e a Região Autónoma da Madeira registavam as taxas mais elevadas, estimando-se que em cada uma destas regiões 19 por cento da população tinha rendimentos inferiores ao limiar da pobreza nacional.

«A política errada de investimento centralista dá este resultado e se não houvesse municípios este cenário seria bem pior», disse à Lusa o presidente da ANMP.

Fernando Ruas sublinhou ainda que «o Programa de Investimento e Despesas da Administração Central [PIDDAC] não atinge metade dos municípios».

«Esta é uma das últimas oportunidades para se corrigirem estas disparidades. Deve pôr-se os olhos neste estudo e tomar medidas para que não se cometam os mesmos erros de antigos quadros de investimento», disse.

Segundo o estudo do INE, o rendimento líquido total anual médio das famílias em Portugal era, em 2005, de 22.136 euros o que corresponde a um rendimento líquido mensal de 1.845 euros.
Estes números demonstram que os rendimentos das famílias registaram uma taxa média de crescimento anual de 2,1 por cento desde 1999.

A despesa média anual era de 17.607 euros por agregado familiar em 2005/2006, dos quais 26,6 por cento (4.691 euros) gastos em habitação, incluindo despesas com água, gás e electricidade, 15,5 por cento (2.736 euros) em bens alimentares e bebidas não alcoólicas e 12,9 por cento (2.272 euros) em transportes.

A região de Lisboa era a que tinha o rendimento líquido total anual médio por família mais elevado, de 27.463 euros, mas também a despesa mais elevada, de 20.715 euros, claramente acima do valor nacional.

A região do Alentejo era a que tinha o rendimento anual mais baixo, nos 18.276 euros, registando também a despesa média mais baixa no conjunto do país, de 14.067 euros.

O estudo conclui que 71 por cento das famílias vivem em áreas predominantemente urbanas e que 75,8 por cento dos agregados familiares residiam em casa própria.

O Inquérito às Despesas das Famílias 2005/2006 foi realizado entre Outubro de 2005 e Outubro de 2006 com base numa amostra representativa estratificada a 16.747 alojamentos.
Diário Digital / Lusa