6.8.08

Pobreza não está a diminuir em Timor-Leste, conclui relatório do secretário-geral da ONU

Jorge Heitor, in Jornal Público

Rendimento per capita da ex-colónia portuguesa é agora inferior ao que era há seis anos, quando foi restaurada a independência proclamada em 1975

Timor-Leste ainda não conseguiu aliviar significativamente a sua pobreza, nem atingir os objectivos do desenvolvimento, desde que em 2002 restaurou a sua independência, depois de ter sido ocupado pela Indonésia em 1975, afirma o secretário-geral Ban Ki-moon, num relatório ontem divulgado pela sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. O rendimento per capita na economia que não diga respeito ao petróleo é cerca de 20 por cento inferior ao que era há seis anos, o que significa que na verdade a pobreza está mesmo a crescer.

Tem de haver mais investimento público nos sectores que não sejam o do petróleo e do gás natural, se acaso se desejar um verdadeiro desenvolvimento nos próximos anos, nota a ONU, segundo a qual parte do investimento para tal propósito poderá muito bem ser feito a partir do Fundo do Petróleo, estabelecido em 2005 para receber todos os rendimentos gerados pelos recursos existentes no mar de Timor, entre a antiga colónia portuguesa na Oceania e a costa da Austrália.

Forte desemprego juvenil

Na capital, Díli, onde se situa um quarto da força activa timorense, o desemprego é actualmente calculado em 23 por cento, sendo de 40 por cento entre os que têm de 15 a 29 anos, pelo que o Governo está a ser apoiado pelas Nações Unidas na criação de postos de trabalho para os jovens. E em Março foi lançado um programa de quatro anos destinado a preparar 70.000 desses jovens para o mercado do trabalho.

A Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (Unmit) tem como áreas prioritárias a revisão e reforma do sector da segurança, o fortalecimento do primado do Direito, o desenvolvimento económico e social e a promoção de uma governação democrática, juntamente com os esforços para que haja diálogo e reconciliação.

A partir do presente mês, vai haver um reassumir gradual das actividades de policiamento por parte da polícia nacional, em distritos e unidades específicos, de modo a que 80 por cento da corporação esteja operacional em Outubro, depois de dela terem sido afastados todos os agentes com grandes problemas disciplinares e/ou criminais. Mas a ONU mantém no terreno 1542 polícias estrangeiros (de Portugal, Malásia, Paquistão e Bangladesh): 963 na capital e 579 no resto do país. A continuação da presença das unidades da GNR e daqueles três países asiáticos fornecerá o necessário apoio à polícia timorense na manutenção da estabilidade, diz a organização, que reservou há dois meses 172,8 milhões de dólares (111,5 milhões de euros) para que a Unmit fique em Timor-Leste até 30 de Junho de 2009, depois do que eventualmente se decidirá o seu futuro.