in Jornal de Notícias
O inquérito aos orçamentos familiares, divulgado esta segunda-feira pelo INE, revela desigualdades entre as regiões, destacando-se Lisboa com o maior rendimento, e o Norte e a Madeira com taxas de risco de pobreza elevadas.
A realidade dos orçamentos familiares em 2005-2006, foi ontem apresentada com a divulgação do Inquérito às Despesas das Famílias, do Instituto Nacional de Estatística (INE). O relatório dá conta de que, a preços constantes, o rendimento familiar teve um aumento de 13,5%, desde 1999, situando-se em 2005-2006 num total médio anual de 22 136 euros.
Mas, se o rendimento subiu, a despesa também aumentou, para uma média anual de 17 607 euros por agregado familiar. Nesta área verificaram-se outras mudanças, com os portugueses a diminuírem nas despesas com a alimentação e transportes, e aumentando nas relativas à habitação. As despesas com habitação (casa, água, electricidade, gás e outros combustíveis) representam 26,6%, a alimentação 15,5%, e transportes 12,9%.
No entanto, estes são os número globais, uma vez que analisadas as diferentes regiões do país as assimetrias são notórias, a começar pelo facto de 71% dos agregados familiares viverem em áreas urbanas.
Incidindo sobre os rendimentos verifica-se que a região de Lisboa era a que apresentava um rendimento líquido total anual médio por família mais elevado, de 27 463 euros, valor acima da média nacional. O valor mais baixo registava-se no Alentejo (18 276 euros), mas o Norte não ultrapassava os 19 908 euros.
Tendo em conta as despesas familiares, é também a região de Lisboa que tinha os maiores valores (20 715 euros), também acima da média nacional, quando o Alentejo, que tem o valor mais baixo, registava 14 067 euros, e o Norte 16 992 euros. Mesmo assim, pagas as despesas a região de Lisboa ficava com duas vezes mais dinheiro do que a região Norte.
E as assimetrias regionais são também notórias no que diz respeito às taxas de risco de pobreza. Lisboa era a região com a menor taxa de risco de pobreza calculada com base no rendimento total, situando-se nos 12%. As regiões que apresentavam as taxas mais elevadas eram o Norte e a Madeira, com cerca de 19% da população com rendimento inferior ao limiar de pobreza nacional.