Margarida Peixoto e Luís Reis Pires, in Económico
Reforma no mercado laboral está no bom caminho mas ainda é preciso eliminar "tratamento especial para grupos específicos".
Peter Weiss, sub-chefe da missão da Comissão Europeia em Portugal, reconheceu hoje em Bruxelas que o aumento do desemprego registado no ano passado e no arranque deste ano tem deixado a equipa "um pouco surpreendida". Contudo, frisou que "ainda será preciso compreender melhor estes dados" e que "por enquanto não colocam em causa as previsões" da Comissão.
"Temos sido um pouco surpreendidos pela subida [da taxa de desemprego] no final do ano passado e no primeiro mês deste ano", reconheceu.
Os peritos internacionais ainda acreditam que o aumento rápido do número de desempregados no país possa estar relacionado com efeitos de sazonalidade que não tenham sido correctamente descontados nas estatísticas, já que a metodologia sofreu uma alteração recente.
"Por um lado, pode haver factores sazonais. Por outro lado, parece haver também uma antecipação de layoffs de trabalhadores, devido à futura redução no subsídio de desemprego", adiantou Weiss. E se assim for, frisou, a escalada da taxa de desemprego verificada no início do ano "será compensada nos próximos meses" com subidas muito mais pequenas.
No entanto, "há um ligeiro risco de termos de rever em alta os números do desemprego na próxima revisão", admitiu o responsável, frisando que antes de tal acontecer os técnicos internacionais terão de "entender os números um pouco melhor".
Outra hipótese colocada por Peter Weiss é que este aumento esteja a ser impulsionado pela alteração nas regras do acesso ao subsídio de desemprego, podendo fazer com que as empresas antecipem a diminuição da sua força de trabalho.
Recorde-se que de acordo com o Eurostat, a taxa de desemprego nacional atingiu os 15% em Fevereiro.
Sobre as reformas no mercado de trabalho, o responsável defendeu que o Governo está a fazer o que é preciso e que "em alguns pontos até foi além do inicialmente previsto no memorando". Ainda assim, será preciso ainda eliminar o "tratamento especial para grupos específicos". Peter Weiss não explicou a que grupos se referia. "Por enquanto não achamos que sejam precisas mais medidas grandes além das que já estão previstas", disse apenas.