Por Andreia Sanches, in Público on-line
Portugal faz parte do grupo de países com maior percentagem de jovens com excesso de peso ou que sofrem de obesidade. Num ranking de 39 estados europeus e da América do Norte, o país aparece em 5.º lugar, quando analisados os alunos de 11 anos, em 4.º lugar, quando tidos em conta os de 13 anos, e em 6.º lugar, no grupo dos de 15 anos.
Os dados constam do Health Behaviour in School-aged Children — um grande levantamento dos comportamentos e estilos de vida dos adolescentes levado a cabo de quatro em quatro anos na Europa e na América do Norte em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O último inquérito abrangeu cerca de 200 mil jovens.
O relatório mundial foi hoje divulgado em Edimburgo e será apresentado esta tarde em Portugal pela coordenadora nacional da investigação, a catedrática Margarida Gaspar de Matos, e três secretários de Estado (Desporto e Juventude, Saúde e Ensino Básico e Secundário).
Margarida Gaspar de Matos lembra que investigações anteriores já mostravam níveis elevados de excesso de peso em crianças mais jovens. E que o problema pode estar a alastrar à adolescência. O estudo hoje apresentado revela que 20% das meninas portuguesas de 11 anos sofrem de peso a mais ou de obesidade. É o segundo valor mais alto, em 39 países, depois do registado pelos Estados Unidos. Aos 15 anos, 15% das raparigas e 19% dos rapazes têm o mesmo problema — valores uma vez mais acima da média.
Factores que nada têm a ver com o peso real dos jovens podem estar a inflacionar esta taxa, diz Margarida Gaspar de Matos — desde logo, a dificuldade que os alunos portugueses mais jovens, mais do que os de outros países, revelam em preencher inquéritos. Porque os entendem mal (os dados relativos à obesidade foram calculados a partir das informações sobre altura e peso transmitidas pelos alunos).
Ainda assim, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Alexandre Mestre, disse, em declarações ao PÚBLICO, que as conclusões “preocupantes”, prometeu que serão analisadas pelo Governo e que “a seu tempo” serão anunciadas medidas, nomeadamente na área do desporto escolar.
Em comunicado Zsuzsanna Jakab, director regional da OMS para a Europa, sublinha as desigualdades que os dados relevam: “Este relatório mostra-nos que a saúde depende da idade, do género, da geografia e do estatuto sócio-económico. Não tem que ser assim.”
No comunicado, Portugal é citado por duas razões, uma boa e outra má. A má, já se disse, é o excesso de peso. A boa notícia é que o país tem das taxas de consumo de tabaco mais baixas do que a média: 10% das raparigas e 11% dos rapazes de 15 anos fumam semanalmente; a média de 39 países analisados é 17% e 19%, respectivamente.