2.5.12

O desemprego chegou às farmácias e os stocks são cada vez menos

Por Catarina Gomes, in Público on-line

A crise no sector das farmácias está a levar à diminuição dos stocks de medicamentos disponíveis, avisou hoje em conferência de imprensa o presidente da direcção da Associação Nacional de Farmácias (ANF), João Cordeiro. De acordo com o responsável, o utente já sente o impacto: “É muito difícil que uma receita seja aviada numa só farmácia e de uma vez só vez”.

O estudo Avaliação Económica e Financeira do Sector das Farmácias, encomendado pela ANF a um investigador da Universidade de Aveiro, dá conta do agravamento da crise no sector. Se, em 2010, a rendibilidade das farmácias era ainda positiva e situava-se nos 3,1%, em 2012 estima-se que atinja um valor negativo de -3,7%.

O estudo, que incluiu 2699 farmácias (deixando de fora 208), atribui a crise no sector às múltiplas mudanças de redução da despesa pública introduzidas nos últimos anos no sector pelo Ministério da Saúde (MS). O estudo foi coordenado pelo professor de Fiscalidade na Universidade de Aveiro, Avelino Azevedo Antão, com Carlos Manuel Grenha, da sociedade de revisores oficiais de contas Oliveira, Reis & Associados.

100 pediram insolvência

No final do estudo, João Cordeiro notou que poucas farmácias fecharam já, mas que mais de 100 pediram insolvência. De acordo com o responsável, “as farmácias vêm-se defendendo reduzindo os stocks”.

Para tentar contrariar a degradação do sector, Cordeiro refere que já propôs ao MS a redução do horário de funcionamento das farmácias, para que deixe de ser exigida a abertura obrigatória durante 50 horas e possam estar apenas de portas abertas 40 horas. A ANF propôs igualmente a redução de exigências técnicas no número de pessoal.

João Cordeiro admite que estas medidas “vão criar desemprego num sector onde havia pleno emprego”, notando que há contratos a prazo que já não estão a ser renovados e que estão a ser reduzidas as horas extraordinárias. E deixa um aviso: todos os anos saem das faculdades cerca de mil licenciados em farmácia que “não vão conseguir arranjar emprego” e “também terão que emigrar”.