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Os aumentos salariais nas empresas portuguesas em 2012 não passaram em média dos 0,3% e ficarão abaixo de 1% este ano, acompanhando a redução dos 'plafonds' de telemóvel, benefícios de automóvel e seguros de saúde, revela um estudo.
Segundo o estudo salarial anual da empresa de consultoria de gestão Hay Group, os aumentos das empresas privadas "foi perto de zero em 2012", não tendo havido aumentos generalizados, mas até "um decréscimo da retribuição base na generalidade dos setores".
Entre as empresas, 32% congelou os salários e 68% manteve todos os aumentos (e não apenas a média dos aumentos) perto de 1% e nas empresas onde houve aumentos, estes "foram pontuais e destinados a premiar desempenhos excecionais", indica o documento.
"O controlo de custos e as severas restrições orçamentais mantêm-se presentes no quotidiano das empresas. Isso vê-se não só na ausência de aumentos generalizados, mas também na menor atualização de salários em caso de promoção, na preocupação de substituir a baixo custo as pessoas que saíram e nos cortes noutras componentes da retribuição base, como o valor pago por isenção de horário de trabalho e ajudas de custos", frisa a responsável do Hay Group Tânia Silva.
De acordo com o estudo, a atribuição de benefícios também sofreu uma queda, com descidas nos 'plafonds' de chamadas de telemóveis e no número de empresas a atribuir equipamentos, com menor inclusão do agregado familiar nos seguros de saúde e restrições nos modelos dos automóveis atribuídos, nas suas rendas mensais suportadas pelas empresas e 'plafonds' de combustível.
Os dados do Hay Group mostram também que em 2012 havia menos empresas a dispor de planos de pensões para os seus colaboradores.
O estudo lembra que o uso de benefícios como forma de retribuição em Portugal "apresentou taxas de crescimento agressivas até 2009", estagnou em 2010 e "desde então tem vindo a reduzir o seu peso no valor total dos pacotes retributivos", registando em 2012 uma perda de 6% do seu peso relativo, face a 2011", sobretudo devido à pressão para o controlo de custos.
O setor da Energia foi por sua vez aquele que "melhores pacotes retributivos" ofereceu, pagando cerca da 28% acima do mercado geral (na mediana), mas já para funções administrativas, o setor financeiro é um dos que melhor remunera, embora face a 2011 se note uma quebra nos valores pagos.
Quanto às funções de topo, como diretores de primeira linha, os setores químico e farmacêutico e de tecnologias de informação e telecomunicações "são os que oferecem melhores combinações de retribuição base e variável", sublinha.
A distribuição e retalho, assim como a Indústria, foram de uma forma geral os setores menos competitivos em 2012.
Para 2013, o cenário não é muito melhor, não devendo os salários aumentar além de 1%.
O documento detalha que "a maioria das empresas não está a planear aumentos de forma transversal à sua estrutura, admitindo no entanto fazer aumentos pontuais, relacionados com a necessidade de reter pessoas chave na organização ou resolver problemas de equidade interna".
A consultora adianta ainda no estudo que, sem recursos para fazer aumentos da retribuição base, "muitas empresas procuraram compensar os trabalhadores com aumentos na retribuição variável", tendo o peso da variável no “bolo” total do que os colaboradores levam para casa subido 4% face a 2011.
No curto prazo, verifica-se uma preferência pelo bónus, que aumenta a lógica da partilha de risco entre empresa e colaboradores e no médio prazo.
Quanto à retribuição variável de médio e longo prazo, só foi usada em 21% das empresas, e esta percentagem também tem vindo a descer desde 2010.
A empresa Hay Group recolhe anualmente informação sobre a retribuição de mais de 71.000 funções em centenas de empresas que operam no mercado português.
O Estudo Salarial Hay Group 2012 baseia-se em informações de retribuições anuais, líquidas e ilíquidas, fixas e variáveis, e de benefícios, disponibilizadas por uma amostra de 205 empresas, representativas de 11 setores de atividade.