9.1.13

Bispo do Porto diz que Estado social "é para manter e defender o melhor possível"

in Jornal de Notícias

O bispo do Porto, Manuel Clemente, assinalou, esta terça-feira, que o Estado social "é para manter e defender o melhor possível", lembrando, porém, o papel da sociedade e a necessidade de "complementar a solidariedade com a subsidiariedade".

"Nas áreas do ensino e nas outras em que o Estado social vai sendo construido, isso é para manter e para defender o melhor possível", afirmou Manuel Clemente, no Porto, no final do primeiro debate de um ciclo sobre o Estado social organizado pela Santa Casa com o apoio da União das Misericórdias Portuguesas.

Para o bispo do Porto, e apesar das atuais circunstâncias do país, "tudo quanto puder ser salvaguardado e melhorado vai sê-lo", existindo "essa vontade determinada" da parte de governantes, parlamentares e outros atores do poder político.

Manuel Clemente lembrou, porém, que quando se fala em Estado social fala-se "na sociedade e no seu Estado", e frisou que "a sociedade antecede e transcende qualquer organização política".

"Nós falamos em Estado social, mas não nos esqueçamos que social é pouco porque é a sociedade que tem o seu Estado para realizar os objetivos que a todos dizem respeito e, portanto, nós não estamos fora. Não podemos dizer que é com os governantes ou com os parlamentares, tem que ser com todos nós", explicou o prelado.

Considerando "um grande ganho para a sociedade portuguesa e para o Estado" a organização e consolidação do Serviço Nacional de Saúde, o responsável frisou que "nada disso absorve ou reduz o papel prévio da sociedade e da sua criatividade".

Por isso, defendeu a "necessidade de prevalecer sempre a sociedade em primeiro lugar", salientando que "é sempre a pessoa que está em jogo, a sua sociabilidade inata, a solidariedade e a sua complementaridade com a subsidiariedade".

"Quando pensamos em Estado social, estamos a pensar na sociedade e no Estado que melhor realize os seus objetivos", assinalou.

Para o bispo do Porto, são os próprios governantes a constatar que "a sociedade portuguesa não conseguiria responder a necessidades imediatas e tão alargadas sem a contribuição do setor solidário".