7.3.13

Dez mil latas reunidas por crianças para matar a fome

Marta Neves, in Jornal de Notícias

São latas, e mais latas, e mais latas. Dez mil angariadas por crianças de oito agrupamentos escolares com o intuito de criar a escultura mais original. Mas o propósito é matar a fome de quem mais precisa.

Tudo começou com uma lata, no Agrupamento de Escolas de Fajões, em Oliveira de Azeméis. Mas, rapidamente, a ideia tornou-se viral na rede social facebook e outros estabelecimentos quiseram associar-se ao projeto "É preciso ter lata!". Na prática, trata-se de uma causa contra a fome e, ao mesmo tempo, um desafio à criatividade das comunidades escolares envolvidas.

"O motor da iniciativa são as crianças, mas posso garantir que estão milhares de famílias envolvidas", referiu, ao JN, Denis Conceição, professor de Educação Física, em Oliveira de Azeméis, que fez arrancar o projeto.

Ideia importada dos EUA

Inspirado no conceito, criado há 21 anos nos EUA (ler caixa em cima) - onde gabinetes de arquitetura são convidados a criar esculturas com latas de alimentos - o docente replicou o projeto em Portugal, mas com a vontade clara de o "recriar em contexto educativo". "Neste momento difícil que atravessamos, é fundamental incutir valores, como a solidariedade, desde tenra idade para que, depois, também as crianças os levem para casa".

Assim, "É preciso ter lata!" conta com a participação do agrupamento de escolas de Fajões (Oliveira de Azeméis), "pai" do projeto, mas também da escola secundária das Laranjeiras, de Ponta Delgada (Açores), do Instituto Duarte Lemos (Troga e Águeda), do agrupamento D. Pedro I (Gaia), do agrupamento de Eixo (Aveiro), do agrupamento de Canedo (Santa Maria da Feira), do agrupamento Soares Basto (Oliveira de Azeméis) e do agrupamento João da Silva Correia (S. João da Madeira). Finda a exposição das esculturas feitas com as latas, que decorrerá de 23 a 27 deste mês, na Escola Básica e Secundária de Fajões, os alimentos serão doados a famílias carenciadas.

Por estes dias, na Escola Básica de Meiral, em Canidelo, Gaia, a azáfama é muita e, "depois dos meninos terem doado os alimentos é a vez dos professores meterem mãos à obra", explicou a professora Susana Neves. No agrupamento D. Pedro I, estiveram envolvidas 1391 crianças, de 54 turmas, o que corresponde a uma doação de duas mil latas de comida. v