in JN
Apesar de não serem as principais vítimas da doença, as crianças podem vir a sofrer significativamente com as consequências da pandemia. António Guterres exige medidas e diz que "centenas de milhares" de crianças podem morrer devido à pobreza extrema.
"Numa altura em que a recessão mundial acelera, poderá haver centenas de milhares de mortes suplementares de crianças em 2020", frisou o secretário-geral das Nações Unidas.
A ONU estima que entre 42 e 66 milhões de crianças caiam na pobreza devido às consequências económicas da pandemia, o que pode anular os progressos obtidos nos últimos anos com a baixa da mortalidade infantil em todo o mundo.
"Os efeitos nocivos desta pandemia serão mais prejudiciais para as crianças que vivem nos países e bairros mais pobres, bem como para as que já estão em desvantagem ou vulnerabilidade", indicou, acrescentando que o risco maior será também para aquelas que vivem nos campos de refugiados ou institucionalizadas.
Com o encerramento de escolas em todo o mundo, as crianças poderão sofrer ainda com a fome, uma vez que cerca de 310 milhões de estudantes dependem dos estabelecimentos de ensino para se alimentarem ao mínimo no dia-a-dia, afirmou Guterres.
Para o secretário-geral da ONU, o confinamento e a recessão mundial "alimentam as tensões nas famílias" e as crianças "são, por sua vez, vítimas e testemunhas de violência doméstica e de abusos".
As crianças poderão também sofrer no domínio da saúde, afirmou durante a apresentação de um relatório sobre o impacto da pandemia nos mais jovens.
Para combater a propagação de Covid-19, as campanhas de vacinação contra o pólio foram suspensas e a imunização contra o sarampo foi interrompida pelo menos em 23 países, indicou.
Terça-feira, várias organizações e fundações estimaram que mais de 117 milhões de crianças poderão ficar privadas da vacina contra o sarampo devido à interrupção das campanhas de vacinação.