Gonçalo Ramos e Mariana Durães, in Público on-line
O IPDJ lançou uma acção de voluntariado que reúne cerca de 150 jovens de diversas regiões do país. A ideia é prestar apoio à comunidade, através da realização de diversas tarefas, como a entrega de alimentos e medicamentos ou a divulgação de informações.
Em tempos de pandemia, vimos nascer uma onda de solidariedade, alicerçada em grupos de voluntários que usaram o tempo livre para ajudar os mais vulneráveis. Desde jovens que entregam compras porta a porta, municípios que criam bolsas de voluntariado para apoiar a comunidade a plataformas que reúnem aqueles que estão disponíveis a ajudar.
Agora, no Dia do Associativismo Jovem, que se celebra esta quinta-feira, 30 de Abril, também o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), em parceria com a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) promove um novo programa de voluntariado. Chama-se Apoio Maior e está inserido na campanha #SerJovemEmCasa, cuja ideia consiste numa série de acções de formação, debates de ideias e partilhas de informação.
A acção foi divulgada esta quarta-feira, 29 de Abril, no site oficial do Governo, e envolve cerca de 150 jovens entre os 18 e os 30 anos, distribuídos entre as regiões do Alentejo, Algarve, Lisboa e Vale do Tejo e Norte. Os voluntários levam a cabo tarefas como o apoio à distribuição de alimentos e medicamentos, aconselhamento de serviços públicos de apoio, esclarecimento de dúvidas à comunidade, divulgação telefónica e digital dos programas de apoio à saúde, entre outras de apoio logístico às juntas de freguesia.
E ainda a propósito do Dia do Associativismo Jovem, e para o celebrar, o IPDJ realiza esta quinta-feira, 30 de Abril, às 18h30, a conferência online Dia do Associativismo Jovem: Participação Juvenil em tempos de Covid. A conferência, que poderá ser acompanhada no site oficial do Governo, visa partilhar “boas práticas” e, para isso, convida “entidades que dinamizam respostas inovadoras aos desafios colocados pela pandemia”, lê-se no mesmo site.
A conferência deverá contar ainda com a presença do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, os presidentes do Conselho Nacional da Juventude e da Federação Nacional das Associações Juvenis.
Depois, e até domingo, 3 de Maio, o IPDJ vai partilhar vídeos enviados por associações juvenis, que irão falar sobre como as associações se estão a adaptar ao novo contexto e como os jovens estão a responder, ao mesmo tempo que tentarão prever o que irá mudar na vida dos jovens no pós-pandemia.
Liga-te, a plataforma que liga o voluntariado
Mas há mais a acontecer nesta Primavera de covid-19. São já mais de 70 organismos por todo o país os que adaptaram as suas actividades para fazer a diferença nas suas comunidades, e estão elencados pela plataforma Liga-te da Federação Nacional das Associações Juvenis (FNAJ).
“De um dia para o outro, criaram-se novos desafios para as associações juvenis”, constata Tiago Manuel Rego, presidente da FNAJ, ao P3. “Muitas tiveram de se reinventar — ou, pelo menos, adaptar as actividades e aquilo a que davam resposta.” Foi nesse âmbito que se procurou criar a plataforma Liga-te, “para mapear essas associações e pôr em evidência o que estão a fazer, desafiar outros jovens nas mesmas comunidades e que gostariam de fazer voluntariado”.
Das cerca de 1200 associações em Portugal, “mais de 70 estão no terreno a dar resposta”, contabiliza o presidente. Um momento de crise pandémica que “envolve mais de 680 jovens em todo o país, em todos os distritos”.
Os jovens das associações estão a contribuir das mais variadas formas, conta Tiago, desde a angariação de fundos para equipamentos de saúde e bens essenciais, passando pela cedência de espaços para profissionais de saúde, até à assistência, transporte e contacto à distância, em prol das populações mais vulneráveis. Registam-se, também, campanhas locais de combate ao isolamento dos idosos e de apoio aos sem-abrigo, entre outras. “Procura-se criar mecanismos de ajuda para combater problemas causados pela covid-19”, explica Tiago. “Estes jovens não são profissionais de saúde, nem bombeiros ou polícias, só procuram intervir no sector do apoio social, integrando a resposta com as autoridades locais.”
Necessidades no sector da educação também têm vindo a ser colmatadas pelos organismos em actividade, como o fornecimento de cópias em papel de exercícios escolares, a cedência de material tecnológico em excesso nas sedes e explicações por videochamada. “Tudo para que os jovens mais carenciados tenham também aqui alguma igualdade de acesso ao ensino à distância”, sublinha Tiago Manuel Rego.
“Tudo para manter os jovens o mais activos possível”
O apoio prestado pela plataforma Liga-te foca-se também “na saúde mental de quem está em casa há bastante tempo, nomeadamente os jovens” que foram dispensados das escolas. “Há associações a dar aulas de exercício físico, mas também cognitivo, tudo para manter os jovens o mais activos possível.” Entre formações e workshops online, tudo vale para “esbater a solidão” daqueles que estejam a viver “momentos de dificuldade maior”.
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A FNAJ não é alheia à luta que as associações travam nestes tempos de afastamento social e, em parceria com a Ordem dos Psicólogos, desenvolveu, para a plataforma Liga-te, “recomendações para os jovens que estão em casa”. As preocupações são muitas, entre as quais “situações de imprevisibilidade sobre quando voltarem a estudar e a perda de empregos”. O “material de motivação”, diz Tiago, visa mostrar “como dar a volta por cima”.
Ainda com a Ordem dos Psicólogos, cuja “autoridade na área da saúde mental” o presidente da FNAJ frisa, foram desenvolvidas mais indicações para que as próprias associações juvenis possam concluir como “estimular as suas equipas de voluntários e directivas, para continuar as acções no terreno, que vão ao encontro das necessidades, objectivos e motivações dos jovens”.