O vice-presidente da associação Letras Nómadas, defende a criação de quotas para as minorias e denuncia a existência de pessoas de partidos de extrema-direita “a fazer o trabalho sujo de inflamar as instituições”.
Como sentiu as palavras do Presidente da República que, numa mensagem evocativa do Dia da Restauração da Independência, lembrou os ciganos que “deram a vida” pela independência nacional?
Não deixei de ficar surpreso. Teve a coragem de falar dos portugueses ciganos e, ao mesmo tempo, deixar uma mensagem implícita aos partidos de extrema-direita que têm vindo a construir auto-estradas de ódio, sobretudo, com o foco nas comunidades ciganas. A mensagem é importante, mas não podemos ficar apenas pelas palavras e pelo reconhecimento. É preciso avançar com medidas políticas para fazer a reparação histórica da discriminação a que os portugueses ciganos têm sido submetidos. Não somos forasteiros. Estamos em Portugal desde o século XVI. Ao longo de séculos fomos alvo de medidas repressivas, como a ida forçada para as colónias ultramarinas, mas também fazemos parte da História de Portugal e lutámos pelo País. Há quem queira relativizar esta questão, minimizando a participação dos 251 ciganos na luta pela Restauração da Independência, dizendo que as pessoas foram forçadas a isso. Quem é que vai para uma batalha ou uma guerra com um sorriso aberto na cara? Ninguém. São relativizações idiotas, com o objectivo de tentar branquear e desvalorizar os actos desses portugueses ciganos. A história e o aparelho do Estado tentaram sempre branquear e omitir estes factos. Portugal é um país social e institucionalmente racista. Não quero dizer que os portugueses são todos racistas. Seria injusto dizer isso, porque não é verdade. Mas o sistema em si é ciganófilo e racista.
Falou em medidas de reparação. Quer dar exemplos?
As assimetrias só se combatem com políticas de afirmação positiva. Noutros países existem quotas paraas minorias. A representatividade nas instituições do País é constituída maioritariamente por pessoas brancas. Basta pensarmos em quantos portugueses ciganos ou afro-descendentes temos no Governo ou na Assembleia da República. As quotas podem ser um caminho, até que se normalize a situação, para reparar historicamente o que foi feito a determinados grupos, entres os quais, a comunidade cigana. É também importante fazer um retrato desta comunidade em Portugal, para sabermos quantos são e como vivem. Dizer que existem 37.500 ciganos no País é uma grande mentira. Seremos muito mais. Há outras áreas a trabalhar.
Não deixei de ficar surpreso. Teve a coragem de falar dos portugueses ciganos e, ao mesmo tempo, deixar uma mensagem implícita aos partidos de extrema-direita que têm vindo a construir auto-estradas de ódio, sobretudo, com o foco nas comunidades ciganas. A mensagem é importante, mas não podemos ficar apenas pelas palavras e pelo reconhecimento. É preciso avançar com medidas políticas para fazer a reparação histórica da discriminação a que os portugueses ciganos têm sido submetidos. Não somos forasteiros. Estamos em Portugal desde o século XVI. Ao longo de séculos fomos alvo de medidas repressivas, como a ida forçada para as colónias ultramarinas, mas também fazemos parte da História de Portugal e lutámos pelo País. Há quem queira relativizar esta questão, minimizando a participação dos 251 ciganos na luta pela Restauração da Independência, dizendo que as pessoas foram forçadas a isso. Quem é que vai para uma batalha ou uma guerra com um sorriso aberto na cara? Ninguém. São relativizações idiotas, com o objectivo de tentar branquear e desvalorizar os actos desses portugueses ciganos. A história e o aparelho do Estado tentaram sempre branquear e omitir estes factos. Portugal é um país social e institucionalmente racista. Não quero dizer que os portugueses são todos racistas. Seria injusto dizer isso, porque não é verdade. Mas o sistema em si é ciganófilo e racista.
Falou em medidas de reparação. Quer dar exemplos?
As assimetrias só se combatem com políticas de afirmação positiva. Noutros países existem quotas paraas minorias. A representatividade nas instituições do País é constituída maioritariamente por pessoas brancas. Basta pensarmos em quantos portugueses ciganos ou afro-descendentes temos no Governo ou na Assembleia da República. As quotas podem ser um caminho, até que se normalize a situação, para reparar historicamente o que foi feito a determinados grupos, entres os quais, a comunidade cigana. É também importante fazer um retrato desta comunidade em Portugal, para sabermos quantos são e como vivem. Dizer que existem 37.500 ciganos no País é uma grande mentira. Seremos muito mais. Há outras áreas a trabalhar.
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