20.12.22

Cáritas de Beja sinalizou 289 sem-abrigo - 73 portugueses e 216 imigrantes

in Rádio Voz da Planície

São 289, as pessoas em situação de sem-abrigo, sinalizadas pela Cáritas Diocesana de Beja, de janeiro a novembro deste ano. Destas, 73 são portuguesas e 216 imigrantes. Entretanto reuniu-se o Npisa de Beja para dar resposta a esta problemática.

“A larga maioria dos sem-abrigo sinalizados são homens, mas também há mulheres. Os sem-abrigo homens apresentam um perfil de maior solidão, as mulheres, normalmente, têm companheiro, não estando sozinhas em situação de fragilidade. As questões de consumos ou de doença mental contribuem para um maior prolongamento no tempo”, avança o Diário do Alentejo.

Os dados dizem que as pessoas nesta situação têm vindo a aumentar, apesar do Inquérito de Caracterização das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, realizado pelo Grupo de Trabalho para a Monitorização e Avaliação da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação Sem-Abrigo, referente a 2021, indicar "um decréscimo de cerca de dois por cento em relação ao ano anterior".

A funcionar desde março deste ano, o projeto “Estou Tão Perto que Não me Vês”, da Cáritas Diocesana de Beja, pretende ajudar estas pessoas a sair da situação de "vulnerabilidade, dando-lhes o tempo que é o tempo delas, sensibilizando, em simultâneo, a comunidade para um problema que tanto pode estar à vista de todos, como entre quatro paredes, envergonhado. E dar rosto, e voz, a quem, normalmente, não o tem".

Reuniu-se, entretanto, e pela primeira vez, o Npisa de Beja, no passado dia 6. Câmara, Cáritas, Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Segurança Social, Centro de Respostas Integradas, Associação Estar, Santa Casa da Misericórdia, Polícia de Segurança Pública (PSP), Guarda Nacional Republicana (GNR), Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) e Rede Europeia Anti Pobreza debateram, analisaram e avaliaram as principais estratégias do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (Npisa) da cidade.

Segundo Marisa Saturnino, vereadora da Câmara de Beja, a reunião, que deu início ao Npisa, serviu para perceber como se podem “rentabilizar alguns recursos e permitir que a intervenção seja mais eficaz e sem superposição” e avançar-se, “eventualmente, com algumas respostas de urgência, caso haja possibilidades para isso”.

Garante, Marisa Saturnino, que para já não quer “adiantar muito para não criar falsas expetativas relativamente aquilo que pode ou não acontecer”, mas confirma uma nova reunião, em janeiro, para “analisar documentação e implementar protocolos”.

O Npisa é um núcleo de intervenção criado, sempre que a dimensão do fenómeno de pessoas em situação de sem-abrigo o justifica, entre os municípios e as entidades do setor, público e privado, do emprego, segurança social, educação, saúde, justiça, administração interna, obras públicas, ambiente, cidadania e igualdade.

O Npisa visa "conseguir ter um diagnóstico mais fiel da realidade social e, consequentemente, assegurar diferentes tipos de respostas, como equipas de rua diurnas e noturnas, equipas gestoras de caso, espaços de acolhimento diurno e noturno, habitações, cantinas e refeitórios sociais, serviço de medicação", explica, igualmente, o Diário do Alentejo.