2.12.22

Violência doméstica: "Não podemos continuar a achar que ele pode ter sido um mau marido mas um excelente pai"

in SIC

O psicólogo Mauro Paulino analisa os últimos dados da violência doméstica e fala sobre um estudo que procurou perceber o impacto nos filhos das vítimas.

O Dia Internacional Pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres assinala-se esta sexta-feira. Este ano, mais de 20 mulheres morreram vítimas de violência doméstica.

Para o psicólogo Mauro Paulino, há medidas que já deveriam ter sido tomadas, em Portugal, e falhas que têm de ser corrigidas, nomeadamente na prevenção e atuação de vários profissionais.

"Vão permitindo e tolerando determinados sinais que, quando não é feita uma adequada avaliação de risco, potenciam situações letais, com números que nos envergonham e preocupam", afirma.

Na Edição da Manhã, o psicólogo e comentador da SIC fala ainda sobre o estudo "Filhos da Violência Doméstica", que tem como objetivo perceber o impacto de crescer em contexto de violência doméstica.

O estudo, que analisou os dados de 1.205 filhos de mulheres vítimas de violência doméstica, conclui que os que assistem a agressões têm mais perturbações mentais e cometem mais crimes.

Perante estes resultados, Mauro Paulino afirma que o que preocupa é a falta de credibilidade e falta de atenção que se dá a dados como estes.

"Não podemos continuar a achar que, em contexto de violência doméstica, ele poderá ter sido um mau marido, mas um excelente pai (…) Porque cada vez mais quando se fala com os filhos desta violência doméstica, percebemos que não é preciso um progenitor agressor agredi-los fisicamente para marcar de uma forma muito severa o seu desenvolvimento."

O psicólogo adianta ainda que, estar num contexto de violência doméstica, constitui um trauma, que "se não for tratado, vai deixar marcas na infância e mesmo na vida adulta".