por Joana Bénard da Costa, in RR
Ana Maria Bettencourt considera que já se vive uma situação de emergência, com muitos estudantes a desistirem de estudar por falta de dinheiro
A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) afirmou que “aumentar as propinas é um pouco pôr de lado a esperança”, perante a possibilidade avançada no recente relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) para reduzir a despesa do Estado.
Ana Maria Bettencourt afirmou que, neste momento, já se vive uma situação de emergência, com muitos estudantes a desistirem de estudar por falta de dinheiro.
“Começa a haver muitas situações de emergência e muitas pessoas na iminência de abandonar o ensino superior. Isto é dramático, porque, temos pela primeira vez uma democratização a sério do ensino superior até para estudantes que provêm de meios muito desfavorecidos”, defendeu nesta terça-feira a presidente do CNE.
Também para Jorge Pedreira, ex-secretário de Estado da Educação, a ideia de aumentar as propinas significa aumentar a desigualdade. Lembrando que a acção social só protege os rendimentos muito baixos, diz que a sociedade corre o risco de estar a comprometer o seu futuro.
“Para haver sistemas em que o financiamento das famílias tem alguma expressão, tem de haver sistemas de acção social que sejam eficazes e que respondam às necessidades efectivas das populações”, começar por argumentar Jorge Pedreira.
“Penso que é absolutamente inaceitável caminharmos para uma situação em que estudantes, independentemente do seu mérito e das suas capacidades e conhecimentos, sejam excluídos do ensino superior”.
“Uma sociedade que faça isto é uma sociedade que está a comprometer o seu futuro”, remata o ex-secretário de Estado da Educação.
São alertas lançados durante um debate, em Lisboa, sobre o futuro do Estado social.