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Há ainda casos em que ganhar mais nem sempre tem vantagens: um salário bruto de 810 euros pode resultar num valor líquido inferior a quem aufere 800 brutos. Por outro lado, há situações em que ter mais filhos não é beneficiado pelo Estado.
Um português solteiro que trabalhe no sector privado, que não tenha filhos e que tenha um salário bruto de 1.545 euros, o que resulta num vencimento líquido de 1.045,71 euros depois de feitos os devidos descontos, vai perder mais de um salário líquido em 2013. Este é um dos casos mais penalizados pelas novas tabelas de retenção na fonte que foram divulgadas pelo Governo.
Em 2012, o mesmo solteiro levou para casa 1.121,05 euros. Ou seja, e devido ao "enorme aumento de impostos", vai perder 75,34 euros por mês. Não há qualquer diferença ao nível dos descontos para a segurança social, mas a retenção de IRS sobe de 254 para 309 euros. Por outro lado, tem ainda de pagar uma sobretaxa mensal de IRS de 20,34 euros. No final do ano, e em vez de descontar os 5.935,30 euros de 2012, vai deixar ao Estado 6.990,01 euros - mais 1.054,71 euros, valor superior ao salário líquido que vai auferir em 2013.
Se este solteiro aceitar diluir metade do subsídio de férias e de Natal ao longo do ano - os chamados "duodécimos" -, vai receber mensalmente 1.132,86 euros. Mas trata-se de um falso aumento salarial, porque em Junho e em Dezembro recebe apenas metade dos subsídios. No fim do ano, perde mesmo os 1.054,71 euros.
As tabelas de retenção na fonte têm ainda outras nuances. Quando se trata de um casado do sector privado, dois titulares e com um vencimento bruto de 1.550 euros, (1.049,04 depois dos descontos), não ter filhos ou ter um filho é igual aos olhos do Estado. Aqui, as perdas com o aumento de impostos são igualmente superiores a um salário líquido - 1.056,41 euros no final de 2013, tanto para o casado sem filhos como para o casado com um.
Outro caso: um contribuinte casado do sector privado, 2 titulares, com dois filhos e um vencimento bruto de 1.579 euros vai levar para casa este ano o mesmo que um solteiro do privado, com um filho e com o mesmo vencimento bruto. Ambos perdem também mais de um salário líquido.
Os 1.579 euros brutos passam a 1.083,60 euros reais em 2013, depois de feitos os descontos, no caso do casado com dois filhos e do solteiro com um. Em 2012, ambos levaram para casa 1.161,31 euros todos os meses, mais 77,71 do que este ano. No final do ano, perdem 1.087,95 euros, mais que um vencimento líquido. Se quiserem receber os duodécimos, o vencimento mensal passa a ser de 1.173,90 euros, mas a perda no final do ano não muda.
Outra nuance: um casado do privado, dois titulares, com dois filhos e um vencimento bruto de 810 euros leva menos para casa que um contribuinte na mesma situação, mas com um salário bruto de 800 euros. O casado com 810 euros vai passar a ter um salário líquido de 634,48 euros em 2013, menos 34,42 euros mensais que em 2012. O casado com 800 brutos fica a ganhar mais: 653,88 euros, menos 22,13 euros que em 2012.
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