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O alerta é do presidente da Cáritas, que reage deste modo ao relatório do FMI hoje conhecido. Eugénio da Fonseca questiona o papel da União Europeia na defesa dos Estados.
A Cáritas alerta para as consequências imprevisíveis de novos cortes no Estado Social. Numa reacção muito crítica ao relatório do FMI, que sugere um novo aumento de taxas moderadoras e mais cortes em vários sectores, Eugénio da Fonseca diz que estamos a chegar à fronteira do “atentado aos direitos humanos”.
“Se vamos cortar naquilo que são direitos constitucionais das pessoas, como as reformas, os subsídios de desemprego e de doença, vamos arrastar mais essas pessoas para a situação de miséria em que muitas já se encontram. Isso é inadmissível. Estamos já na área daquilo que é o atentado aos direitos humanos”, critica, em declarações à Renascença.
O presidente da Cáritas questiona o papel da União Europeia na defesa dos Estados e lembra que muitos portugueses já se encontram numa situação de enorme dificuldade.
“Estamos a ir pela parte mais fragilizada, mais fraca”, avisa.
Eugénio da Fonseca não vê espaço para mais cortes no Estado Social.
“É impensável. Não sei onde o Governo poderá cortar mais no apoio social directo às pessoas, por que, naquilo que é a satisfação das necessidades de subsistência das famílias, é quase nula”, afirma.
Até agora, o gabinete do primeiro-ministro não comentou o relatório do FMI, mas, de vários sectores, surgem críticas à dolorosa proposta para cortar quatro mil milhões de euros na despesa do Estado.
O documento, solicitado pelo Governo e revelado esta quarta-feira pelo “Jornal de Negócios” insiste na receita da austeridade. Prevê a redução de funcionários públicos, a dispensa de 50 mil professores, cortes de 20% nos salários e propinas, aumento significativo das taxas moderadores na saúde e diminuição do tempo e valor do subsídio de desemprego, entre outras medidas.


