por Lusa, publicado por Graciosa Silva, in Diário de Notícias
O secretário-geral da Federação Nacional de Educação considerou hoje que a criação de 67 novos mega-agrupamentos escolares "retira o sentido da proximidade pedagógica" que deve marcar as unidades organizacionais, podendo também dar origem a despedimentos.
"Nós temos uma posição que é claramente contrária a alguns procedimentos das agregações (...). Quando dessa agregação resultam grandes unidades organizacionais com um número elevado de alunos, cria-se um distanciamento entre quem dirige as escolas e as pessoas que aí trabalham como os professores, os trabalhadores de apoio educativo e até os alunos", disse à agência Lusa João Dias da Silva.
O ministério da Educação e Ciência (MEC) anunciou quarta-feira a criação de 67 novos agrupamentos escolares, resultantes da reorganização da rede escolar, sendo que uma das novas unidades orgânicas, em Lisboa, engloba quase quatro mil alunos.
De acordo com a lista divulgada pelo ministério, a reorganização criou 12 novos agrupamentos com mais de três mil alunos a seus cargo, e apenas dois novos agrupamentos com menos de mil.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE) disse que já tinham sido constituídos agrupamentos no ano passado e sabia-se que, este ano, o MEC iria proceder à criação da última tranche de agrupamentos.
"Sabíamos que havia procedimentos que iam ser adotados para conduzir à constituição da última série de agrupamentos e que se fecharia o ciclo de agregação de escolas que tem vindo a ser feito", disse.
João Dias da Silva explicou que a FNE não é contra a agregação escolar, mas sim com alguns procedimentos, contra o exagerado número de alunos, com a retirada do sentido de proximidade pedagógica e porque estes mega-agrupamentos vão levar inevitavelmente ao despedimento de pessoal docente e não docente.
"Nós [FNE] temos sublinhado que em outros países este procedimento já foi substituído por um movimento inverso no sentido de constituir pequenas unidades organizacionais porque a ordem pedagógica e a organização pedagógica das escolas exigiria formas mais próximas de gestão e de trabalho pedagógico", salientou.
João Dias da Silva salientou ainda que a experiência que a FNE tem com outras agregações anteriores demonstrou que desta criação de mega-agrupamentos resulta uma diminuição da necessidade de professores.