5.5.20

“PANDEMIA SOCIAL E ECONÓMICA VAI FAZER MUITAS VÍTIMAS” E NOVOS POBRES

Paula Abreu, in Dnotícias

O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira está ciente de que “a Madeira irá atravessar, por ventura, a maior crise económica e social das nossas vidas”, que levará ao encerramento de muitas empresas, um aumento exponencial do desemprego e um crescimento da pobreza “como nunca vimos nos últimos anos”.

Numa visita, hoje, às instalações do Banco Alimentar Contra a Fome na Madeira, José Manuel Rodrigues considerou que as instituições de apoio social serão “a grande arma” que o setor público tem para acudir no combate à fome, até porque não tem dúvidas de que surgirão novos pobres. O presidente da ALM, que fez uma doação de cinco mil euros ao Banco Alimentar para apoiar as 50 outras instituições com que trabalha, reforçou o trabalho destes organismos.

Consciente de que há quem não possa ajudar porque está a atravessar por dificuldades, o responsável pelo parlamento regional fez um apelo aos madeirenses que podem dar o seu contributo, que o façam não só ao BA, como também a outras instituições com vista ao combate à exclusão social.

Isso “para que não venhamos a ter períodos conturbados nem conflitos na nossa paz social, que temos vindo a ter até este momento. Esta crise económica vai transformar-se numa pandemia social. Estamos a tentar vencer - e vamos vencer - a pandemia sanitária, mas a pandemia social e económica vai levar algum tempo a vencer, vai fazer muitas vítimas e é necessário minimizar os riscos e danos dessa pandemia”, alertou.

José Manuel Rodrigues apontou ainda o papel que os representantes do povo, nomeadamente os deputados, possam ter neste período, que “têm uma maior responsabilidade de estar perto das pessoas que estão a passar por dificuldades”, lembrando as alterações no regimento da assembleia. Haverá, nos próximos tempos, m ais trabalho parlamentar com base nos diplomas emanados do Governo Regional para fazer face à crise. Disse ainda que os próprios cofres públicos estão a ser afetados profundamente com as medidas que estão a ser tomadas em prol da população e economia.

Fátima Aveiro, responsável pelo Banco Alimentar, prestou um reconhecimento relativamente ao “passo gigantesco” dado no apoio à instituição, com a doação, por parte da Assembleia Legislativa madeirense, de cinco mil euros. Uma ajuda que espera que se reflicta na doação por parte de outras entidades ao Banco Alimentar Contra a Fome da Madeira, numa altura em que os pedidos de ajuda têm vindo a aumentar, por causa da covid-19.

“Não notamos a quebra de donativos, mas sim um crescimento significativo, porque as empresas que regularmente doam tiveram em conta o momento em que atravessamos”, disse Fátima Aveiro, não esquecendo ainda os hotéis e restaurantes que doaram os seus excedentes, numa altura em que tiveram de fechar portas. Os apoios institucionais, como da Segurança Social também foram referidos.

Esta responsável não tem dúvidas de que haverá um aumento no pedido de ajudas ao BA e a outras instituições, devido ao atual contexto de pandemia, que fará surgir novos pobres e atingirá também as famílias da classe média, que não estão habituadas a pedir ajuda alimentar. Por isso, Fátima Aveiro realçou que pedir ajuda não é uma vergonha.