in DN
O presidente do Conselho Económico e Social (CES) português, Francisco Assis, pediu esta terça-feira uma discussão "rigorosa" e "sem preconceitos" ideológicos sobre os trabalhadores em risco de pobreza, uma situação que vai "valorizar muito" nos próximos meses.
Intervindo numa sessão interparlamentar por videoconferência sobre a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais e o reforço dos sistemas de saúde, Francisco Assis definiu a situação dos trabalhadores em risco de pobreza como uma questão na qual Portugal é "particularmente sensível".
Nesse sentido, o presidente do CES sublinhou a necessidade de "uma discussão rigorosa sobre o assunto, sem grandes preconceitos de ordem ideológica, com dimensão naturalmente programática, percebendo o que está em causa e procurando também algum consenso".
Esta situação, ainda que seja "por vezes esquecida", é também "das mais dramáticas, pelo menos num país como Portugal", e, por isso, Francisco Assis garante que o CES vai "valorizar muito" a questão no decorrer dos próximos meses.
QUASE 60% DOS POBRES COM MAIS DE 18 ANOS EM PORTUGAL TRABALHAM
"Porque nós falamos muito de precariedade, e falamos bem, falamos muito de pessoas que estão desempregadas, e falamos bem. São seríssimos problemas e sabemos que o desemprego é um dos problemas mais terríveis do ponto de vista psicológico e social. Mas há um problema também gravíssimo nalguns países europeus, que é o problema daquelas pessoas que estão a trabalhar, que têm emprego, que cumprem escrupulosamente as suas obrigações de trabalho e que têm rendimentos muitíssimo baixos", assinalou.
O presidente do CES evocou o estudo apresentado na segunda-feira pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que mostrou que "um terço dos pobres em Portugal são trabalhadores", sendo que a maioria dos trabalhadores nessa condição tem vínculos laborais sem termo.
O documento, intitulado "Pobreza em Portugal - Trajetos e Quotidianos", identificou "quatro perfis de pobreza em Portugal: os reformados (27,5%), os precários (26,6%), os desempregados (13%) e os trabalhadores (32,9%)".
Francisco Assis participou esta terça-feira numa conferência virtual sobre o impacto na saúde e os efeitos sociais da covid-19, organizada pela Assembleia da República, que contou com a participação da ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, e do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, bem como dos comissários europeus da Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, e do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit.