in Jornal de Notícias
A falta de produtividade em Portugal é em grande parte explicada pelos "baixos níveis de educação" da mão-de-obra portuguesa, concluiu a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico na sua avaliação da economia nacional.
No relatório sobre a Economia Portuguesa 2012, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) só analisa a educação em relação estrita com o mercado laboral, postulando que "menos trabalhadores habilitados são um obstáculo à capacidade da mão-de-obra portuguesa aprender depressa e adaptar-se a um ambiente em rápida mutação".
Para a OCDE, os sinais positivos dos últimos anos estão nos resultados dos alunos portugueses no programa de avaliação internacional PISA e na "racionalização de recursos" que resultou no fecho de "muitas escolas pequenas", tal como já antes tinha recomendado.
A OCDE indica que o programa Novas Oportunidades de formação de adultos aumentou "a formação e educação vocacional no nível secundário", e recomenda que para "melhorar os resultados" desta abordagem o Governo deve garantir "recursos físicos suficientes" para cursos de formação e educação vocacional, que são exigentes em termos de "equipamento e materiais".
Além disso, recomenda que haja "orientação vocacional adequada" para os alunos e uma relação próxima entre as escolas e as empresas para se garantir que "a formação é relevante para o mercado de trabalho".
Na análise da OCDE, uma das conclusões é que Portugal é um dos países com mais desigualdades em termos de salários devido à "dispersão de resultados educacionais", ou seja, a diferença de salário conforme o nível de habilitações literárias.
Devido a uma relativa falta de habilitações, há uma vantagem salarial para as pessoas com níveis superiores de educação, indica a OCDE, que acrescenta que os antecedentes familiares são determinantes no abandono escolar precoce.
Por isso, é preciso "melhorar as oportunidades e resultados educativos de crianças de condições socioeconómicas mais desfavorecidas, o que ainda não acontece", defende a OCDE.
A organização concluiu que os mais jovens foram os mais afetados com o aumento do desemprego, que castigou "quase exclusivamente aqueles com menos qualificações".
"Os níveis de educação entre os trabalhadores ainda estão muito abaixo da média europeia e têm que ser melhorados, embora se registe um progresso significativo na geração mais nova, para permitir às empresas expandirem-se para atividades mais produtivas", lê-se nas conclusões da avaliação da OCDE.