31.7.12

Governo admite que fluxo de emigração é um problema para Portugal

in RR

Secretário de Estado refere que "a esperança que nós temos é que [os portugueses que emigram] adquiram novas formações lá fora e que dentro de uns anos haja condições para alguns regressarem".

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, lamenta o fluxo "extremamente elevado" de emigração registado nos últimos anos, sublinhando que se trata de um problema para o país, porque "sai muita gente que é precisa cá".

"Sofremos todos os dias quando vemos partir imensos jovens e queremos evitar que, no futuro, isso se volte a verificar", disse José Cesário em Famalicão, perante os participantes no 15º Encontro Europeu de Jovens Lusodescendentes.

O governante sustenta que a emigração sempre fez e fará parte da história do país, já que mesmo quando a economia estava a crescer 3 ou 4% "saíam de Portugal 30 mil pessoas todos os anos", mas admite preocupação com o cenário actual.

"Esse fluxo é normal, nunca acabará. Mas quando passamos de 30 mil ou 40 mil para 100 mil ou 120 mil pessoas, esse é que é o problema", defende. Até porque, referiu, o Governo tem consciência "de que sai muita gente que é precisa cá ou que será um dia precisa".

"A esperança que nós temos é que adquiram novas formações lá fora e que dentro de uns anos haja condições para alguns regressarem e, sobretudo, para que os que formamos hoje não tenham de sair tanto no futuro", referiu.

Dimensão do fluxo foi escondida
Para José Cesário, o fluxo migratório português "mantém-se extremamente elevado desde há seis ou sete anos a esta parte", mas foi "escondido" da sociedade portuguesa pelos anteriores governos.

"Esse fenómeno não foi assumido, mas nós assumimo-lo, não temos receio de o assumir, é pior negá-lo, até porque as pessoas que saem têm de ser minimamente sensibilizadas para aquilo que vão fazer, porque sair é muito difícil, há riscos enormes", acrescentou.

O governante lembrou que a redução do fluxo migratório passa necessariamente pelo crescimento económico e pela consequente criação de emprego e afirmou que estas são "coisas que não se resolvem de um dia para o outro", mas manifestou "muita confiança" no futuro do país.