23.7.12

Quase 30% dos imóveis vendidos são oriundos da banca

por Texto Lusa, publicado por Abel Coelho de Morais, in Diário de Notícias

Quase 30 por cento dos imóveis vendidos pela imobiliária Remax são oriundos da banca, disse à Lusa a presidente do grupo em Portugal, adiantando que essas transações geraram 50 milhões de euros no primeiro semestre.

A Remax, uma das principais imobiliárias a operar no mercado português, onde está presente desde há quase 12 anos, começou a trabalhar com a carteira de imóveis da banca apenas o ano passado mas este segmento representa já uma fatia significativo do seu negócio.

"O ano passado ainda não tínhamos nem a força nem a credibilidade, começou a ser forte este ano. Quase 30 por cento das vendas são dos imóveis da banca", disse à Lusa Beatriz Rubio, presidente da Remax Portugal.

Nos primeiros seis meses deste ano, a Remax fez 1004 transações de imóveis que constavam das carteiras dos bancos, num volume de negócios de 50 milhões de euros.

O grupo tem ainda 10 mil casas da banca disponíveis para vender, cerca de um quinto do total (50 mil).

A aposta neste segmento pela Remax acompanha a tendência de cada vez mais imobiliárias, numa tentativa de driblarem a crise que afeta o setor.

Questionada sobre se os imóveis da banca são mais baratos do que os restantes, a presidente da Remax Portugal afirmou que o preço médio destes é de 100 mil euros, um valor relativamente baixo, que se justifica por estes imóveis estarem situados sobretudo na periferia das grandes cidades.

No entanto, afirmou, o principal atrativo são as condições do crédito à habitação oferecidos pelos bancos que se desfazem dos próprios imóveis.

"Dão financiamento a 100 por cento, o que é importante porque devido à crise económica as pessoas não têm dinheiro para a entrada", explicou Beatriz Rubio.

Além disso, enquanto num crédito à habitação para um apartamento que não pertença à carteira de um banco o 'spread' (lucro do banco) pode rondar os quatro por cento, nestes casos já se encontram 'spreads' a partir de um por cento. Geralmente, os bancos oferecem ainda parte da avaliação bancária e os custos do processo.

Além de procurados por famílias, estes imóveis estão na mira de investidores que os remodelam com o objetivo de vender ou mesmo arrendar.

Em Portugal, são cada vez mais os imóveis que chegam ao banco através da dação em pagamento, pela qual o proprietário que não conseguiu cumprir o pagamento das prestações devolve o imóvel ao banco, podendo dar-se a liquidação integral ou parcial da dívida, consoante a avaliação do imóvel.

De acordo com a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, no primeiro semestre, cerca de 3300 imóveis foram entregues em dação em pagamento por famílias e promotores imobiliários.

Já na via judicial, existem três tipos de processos (execução fiscal, execução do imóvel pelo banco pela mora do pagamento das prestações do crédito à habitação e insolvência do proprietário do imóvel) nos quais os bancos ficam os imóveis por terem hipoteca sobre estes.

Com a aposta da Remax nos imóveis oriundos da banca e no arrendamento, no primeiro semestre deste ano as transações aumentaram 11 por cento para 16 mil. Já o volume de negócios caiu 15 por cento face a período homólogo, numa aparente contradição que a responsável do grupo explica com as crescentes transações de arrendamento, que rendem menos à imobiliária.