in Económico
Os imóveis em bairros municipais de Lisboa vão poder ser adquiridos pelos seus inquilinos, que vão beneficiar de um "crédito" sem juros e de condições especiais de pagamento, segundo uma proposta hoje aprovada pelo executivo.
O documento apresentado pela vereadora da Habitação, Helena Roseta, propõe aos inquilinos interessados o pagamento inicial de, pelo menos, 15 por cento do valor total do imóvel, sendo o restante pago em prestações até um período de 10 anos.
Aprovada com a abstenção do PSD e do CDS-PP e com a aprovação do PCP e da maioria socialista, a proposta foi alvo de várias críticas por parte do vereador democrata-cristão.
António Carlos Monteiro considera assim se "abre a porta a que qualquer vereador da Habitação possa usar este regulamento para comprar votos".
O vereador criticou ainda o facto de o diploma abranger "todos os imóveis municipais" e permitir que o inquilino possa falhar vários pagamentos intercalares, "sem que nada lhe aconteça".
Para António Carlos Monteiro, "quem não tem uma casa da câmara é que devia ser apoiado" porque aqueles inquilinos "já estão a ser apoiados pelo município".
Por seu lado, o vereador do PSD Pedro Santana Lopes defendeu a proposta, afirmando que o município se debate com dificuldades para manter os edifícios municipais, mas lamentou que seja feita a um ano de eleições autárquicas.
"É bom para município deixar de ser proprietário destes fogos e é bom para as famílias passarem a ser os proprietários. Mas não nos esqueçamos que estamos a um ano de eleições e era melhor que este regulamento tivesse sido aprovado no início do mandato", disse.
Do lado do PCP, Ruben de Carvalho defendeu a "abertura da possibilidade da venda das casas aos seus locatários".
A vereadora Helena Roseta aceitou algumas das propostas feitas na altura pelos vereadores da oposição, procedendo de imediato a algumas alterações.
Assim sendo, ficou explícito no diploma que esta alienação dos bens municipais só é possível em bairros municipais (antes incluía-se também o património disperso) e apenas em ano de programa específico aprovado por deliberação municipal.
Não podem existir mais de três prestações seguidas em falta ou cinco intercalares e o imóvel só passa a ser propriedade do inquilino após a celebração da escritura final.
No final do debate, o presidente da câmara tomou a palavra para dizer que "é absolutamente necessário acelerar a transferência de propriedade relativamente a estes fogos".
"Com eleições ou sem eleições, sou defensor de programas que acelerem" essa transferência, acrescentou.
"A câmara fez um esforço extraordinário na década 80 e 90 para responder a um drama que eram os bairros. O município entrou com os terrenos e o endividamento. O custo financeiro tem vindo a ser suportado pelo município e continuará a ser", disse.
Referindo-se aos custos da manutenção dos edifícios, António Costa disse que, para todo o património habitacional ficar em boas condições, era necessário um investimento na ordem dos 200 milhões de euros.
Helena Roseta informou ainda que a câmara tem uma lista com três mil pessoas que pediram casa municipal.