in TSF
A OCDE está mais pessimista que a "troika". Esta organização diz que a recessão em Portugal vai ser mais pesada e acredita também que o desemprego vai passar os 16 por cento em 2013.
Jornalista Nuno Domingues explica-nos a posição da OCDEMiguel Pacheco, diretor-adjunto do Dinheiro Vivo, analisa as principais linhas deste relatório
É um cenário pior do que o previsto pela "troika". A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que a recessão em Portugal vai durar até 2013 com um recuo este ano de 3,2 por cento e de 0,9 por cento em 2013.
Na síntese económica divulgada, esta manhã, a OCDE diz também que no próximo ano o desemprego vai chegar aos 16,2 por cento.
O diagnóstico do estado atual e do que se perspectiva é acompanhado de recomendações ao Governo que apontam por exemplo para mais reformas no setor laboral e maior incentivo às Pequenas e Médias Empresas. A OCDE reconhece o esforço que está a ser feito, mas recomenda mais.
A OCDE até define como decidida a atitude do Governo português na aplicação do programa de ajustamento, mas também diz que poderá não chegar, porque o ambiente económico criado gerou receitas dos impostos abaixo das expetativas do Executivo. Também o financiamento da economia por parte de capitais internacionais secou e o desemprego cresceu mais do que o esperado.
A OCDE tem por isso um conjunto de sugestões. Desde logo, o Governo deve continuar a aplicar uma reforma orçamental, que evite surpresas como as que foram provocadas pelas administrações locais e regionais.
Outra vez, é pisada a tecla dos mercados liberalizados mas só no papel.
A OCDE diz que há muita concentração e ela tem de deixar de existir, porque essa concentração impõe barreiras e trava a competição e a inovação.
Mais aposta na educação, ainda abaixo da média europeia, é outro recado, apesar desta organização elogiar os significativos progressos da formação da nova geração.
Sobre as metas do défice, a OCDE diz que elas são importantes, mas não devem levar a medidas bruscas do Governo, caso o crescimento seja menor que o esperado.
A OCDE sugere mesmo que o Governo deixe atuar os estabilizadores automáticos da economia, referindo-se à quebra do consumo, e por isso da produção e dos impostos, e ao aumento da despesa com o Estado Social.
Sobre o financiamento da economia, a OCDE pede apoio para as Pequenas e Médias Empresas, as únicas que criam valor sem se endividar e quanto a leis laborais defende que devem acabar as diferenças entre os contratos a prazo e os contratos sem termo e que se deve diminuir ainda mais o valor da indemnização no final do contrato. A OCDE pede também uma justiça mais rápida nos processos laborais e no resto.