in Envelhecimento Ativo
Parece-me que «Envelhecer», para além de um conceito, de uma experiência e de um sentimento em alguma medida comuns, implica uma vivência muito singular, em especial no complexo e desafiador condicionalismo do nosso tempo.
Sinto o «envelhecer» como uma fase da existência terrena de cada pessoa essencial a um projecto de vida inacabado, a exigir e a pressupor o revigoramento do sonho de, tendo herdado «vida», tentada valorizar no seu passado e no seu presente, ser capaz de continuar o seu esforço para, com humildade e sentido do «outro», ousar ajudar a transmitir «vida» de qualidade, aproveitando criticamente a sua experiência numa perspectiva realista mas esperançosa de um futuro melhor, individual e colectivo.
É, afinal, para quem tem a felicidade desta fase da vida, uma oportunidade de prosseguir o seu desenvolvimento como ser pessoal e como ser social.
Gosta de estar com pessoas de várias idades? Porquê?
O convívio com pessoas de várias idades é-me particularmente grato porque enriquece a minha capacidade de pensar e de «pensar-me» e aviva o sentimento da maravilha do «humano» na riqueza da sua diversidade e complementaridade.
O que temos de fazer para que uma sociedade seja boa para todas as idades?
Um caminho que me parece essencial é a interiorização, e o correspondente esforço solidário de concretização, dos direitos humanos de toda a pessoa, fundados na sua eminente, indiscutível e inviolável dignidade. Esse fundamento, para além do relevantíssimo ganho civilizacional do nosso tempo, que a sua consagração ao nível do direito internacional e nacional significa, afigura-se-me poder constituir fonte de uma frutuosa ética mínima comum. Baseada na incontroversa referida dignidade, poderá unir e responsabilizar crentes e não crentes e todos os que se reclamam de valores humanistas e democráticos.
Armando Leandro, 77 anos, voluntário