26.11.12

É preciso encontrar “sinais de esperança”

Pedro Rios, in RR

Discriminação positiva dos mais carenciados e articulação Estado-sociedade civil são caminhos a seguir, referem as conclusões da Semana Social.

É preciso “encontrar sinais e iniciativas de esperança que se contraponham à crise” e a Igreja tem um papel fundamental nesse esforço, refere o comunicado final da Semana Social, que decorreu até domingo no Porto.

O encontro “procedeu a uma reflexão sobre os desafios actuais ao Estado Social e à Sociedade Solidária”, indica o texto.

Dos trabalhos, concluiu-se que a manutenção do Estado Social exige “uma mais eficiente partilha de recursos, uma justiça fiscal equitativa e uma avaliação rigorosa dos serviços públicos”. Uma ideia atravessou diversas intervenções: “os mais carenciados são os que necessitam de mais apoios”.

À luz da Doutrina Social da Igreja, é fundamental uma “articulação efectiva entre o Estado e as iniciativas solidárias” nascidas na sociedade civil.

A actualidade da Doutrina Social da Igreja foi, aliás, referida com frequência durante as conferências e grupos de trabalho.

“Importa que os cristãos se interessem, estudem e aprofundem a Doutrina Social da Igreja, nas famílias e comunidades, para que possam fazer a leitura das realidades de cada momento à luz dessa doutrina, que tem o mérito de ser transversal e aplicável a todas as famílias políticas”, refere o texto.

Romper o ciclo vicioso
Quando o país discute os cortes de quatro mil milhões na despesa pública, defendidos pelo Governo, a Semana Social sustenta que “o Estado Social deve ser discutido e pensado não por urgências financeiras, mas de modo a corresponder às exigências da coesão económica e social, da justiça e da dignidade humana”.

As conclusões da Semana Social citam a Encíclica “Caritas in Veritate” do Papa Bento XVI: “O binómio exclusivo mercado-Estado corrói a sociabilidade, enquanto as formas económicas solidárias, que encontram o seu melhor terreno na sociedade civil, sem no entanto se reduzir a ela, criam sociabilidade”.

“Assim, não podemos deixar na penumbra o tema do desemprego estrutural e da preservação do trabalho humano. A economia para as pessoas exige a dignificação do trabalho e a promoção do emprego em condições de igualdade e justiça, devendo romper-se o ciclo vicioso que considera a pobreza como inevitável e a desigualdade como uma fatalidade”, refere o documento final da Semana Social.

“Importa encontrar novos estilos de vida, capazes de articular sobriedade e desenvolvimento”, diz o texto.