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O Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) aumentou, nos últimos quatro anos, em cerca de 50 por cento a ajuda prestada às instituições de solidariedade, o que permitiu abranger mais 128 mil pessoas.
Nos últimos meses, o BACF registou “um acréscimo dos pedidos de apoio, tanto por parte das instituições, como pedidos diretos ao Banco Alimentar”, disse hoje à agência Lusa a presidente da Federação Portugal dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet.
Esta situação resulta de “haver mais desemprego e, sobretudo, de haver mais famílias que estão numa situação económica muito difícil”, procurando ajuda nos bancos alimentares para serem encaminhadas, adiantou Isabel Jonet, que falava à Lusa a propósito da campanha de recolha de alimentos, que vai decorrer no fim de semana, à porta dos supermercados.
Por outro lado, explicou, estas pessoas tentam, muitas vezes, renegociar a mensalidade da creche ou do ATL ou até não pagar, uma situação que cria às instituições “uma maior pressão do lado das despesas”.
“Os desempregados, crianças e idosos são os mais afetados pela crise económica, que atinge frequentemente famílias inteiras, muitas delas que estão recentemente a ser confrontadas pela primeira vez com esta situação”, refere o BACF.
Dados do Banco Alimentar adiantam que o número de instituições apoiadas cresceu de 1.618, em 2008, para 2073, este ano, um aumento de 46,6%.
Também aumentou em 52% o número de pessoas assistidas pelos bancos alimentares, através das instituições de solidariedade social, passando de 245.269 em 2008 para 373.024 em 2012.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que dois milhões de portugueses são pobres.
Isabel Jonet disse que, em Portugal, existe “a pobreza estrutural”, mais ligada à idade, às baixas pensões de reforma, à doença ou deficiência.
Desde 2007, porém, “o rosto da pobreza começou a mudar em Portugal”, uma situação que a responsável atribui ao facto de muitas famílias se terem endividado para comprar casa ou adquirir outros créditos, mas também por haver muitas pessoas no desemprego.
“Não há nenhuma pessoa que goste de viver do subsídio de desemprego. Mesmo que durante um tempo possa parecer uma boa solução, o facto de uma pessoa não ter ocupação é muito mau para ela e para as pessoas que a rodeiam”, comentou.
Para Isabel Jonet, o “novo rosto da pobreza de pessoas mais novas que não têm emprego, mas que têm encargos”, é “muito preocupante”.
Salientou ainda a situação de um milhão de idosos que vivem com menos de 280 euros por mês em Portugal, e que merece uma “atenção especial”, porque não têm capacidade de encontrar outras fontes de rendimento.
“Tem de se fazer alguma coisa para tentar ajudar estas pessoas que têm tão baixos recursos e que, cada vez que aumentam os impostos ou o IVA, pagam com a mesma incidência de todos os outros”, elucidou.
Outra situação “muito preocupante”, para Isabel Jonet, é a pobreza infantil.
“Penso que, sobretudo, há muita desestruturação familiar e acho que as instituições de solidariedade social podem ter aqui um papel ativo, mas também acho que há que responsabilizar as famílias pela alimentação, ainda que não tenham todos os meios” para sustentar os seus filhos.