in Jornal de Notícias
O antigo ministro das Finanças Teixeira dos Santos disse, esta quarta-feira, que a discussão a ser feita sobre o Estado social deve ter em conta a possibilidade de muito do desemprego atual se poder transformar em estrutural.
"Acho que corremos aqui o risco de que muito deste desemprego se transforme em desemprego estrutural, que vai subsistir mesmo havendo retoma da atividade económica", disse o professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto numa intervenção sobre os próximos anos de Portugal e a Europa no colóquio da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, no Porto.
Para Teixeira dos Santos, a discussão sobre o Estado social que tem vindo a ser falada não pode "de forma alguma ignorar" a possibilidade de haver um agravamento do desemprego estrutural.
O aumento do desemprego de longa duração, que Teixeira dos Santos salientou ter vindo a ser "ligeiramente mais intenso do que o aumento geral do desemprego" pode vir a gerar um "problema social sério".
A taxa de desemprego subiu no terceiro trimestre para os 15,8%, face aos 15% observados no trimestre anterior, com o número de desempregados em Portugal a ultrapassar os 870 mil, divulgou o Instituto Nacional de Estatística (INE) este mês.
Por seu lado, a taxa de desemprego entre os jovens em Portugal continuou a subir e chegou no terceiro trimestre aos 39%, afetando já 175 mil pessoas entre os 15 e os 24 anos, segundo o INE.
Reestruturação da dívida
O antigo ministro Teixeira dos Santos afirmou, esta quarta-feira, que se 2013 correr da mesma forma que 2012, no próximo verão a pressão para que Portugal faça uma reestruturação da dívida vai ser enorme e tema em discussão.
"Não me parece que em 2013 que nós possamos repetir aquilo que aconteceu em 2012 sob pena de prejudicarmos, eu diria quase de forma irreparável, as hipóteses de regressarmos aos mercados", afirmou o anterior ministro das Finanças no encerramento do colóquio da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, no Porto.
Para Teixeira dos Santos, se "as coisas não correrem conforme devem correr no próximo ano (...), no verão as vozes e a pressão para que Portugal faça o que a Grécia fez, isto é que proceda à reestruturação da dívida, vai ser o tema sobre a mesa", um cenário que "importa evitar".
Para além de poder ser o tema sobre a mesa, o antigo ministro e atual professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto explicou que teme que venha a sentir-se uma "pressão enorme sobre o país nesse sentido".
Já durante a sessão de perguntas e respostas, Teixeira dos Santos afirmou que 2013 pode registar "grandes dificuldades" e sublinhou que as situações se podem degradar "de um momento para o outro de forma inimaginável".