26.11.12

«Pobre em 2013 vai ser empregado que não ganha para as despesas»

in TVI

Quem o diz é a representante da Cáritas Isabel Monteiro

A Cáritas Portuguesa diz que o perfil do pobre em Portugal está a mudar todos os dias e que em 2013 vai chegar-se à situação do empregado pobre, em que o que ganha não chega para as despesas.

«A pobreza de hoje não é igual à de há seis meses. Em janeiro vamos ter empregados pobres. É todo um novo perfil», disse a representante da Cáritas Isabel Monteiro na conferência «Os Principais Desafios da Coesão Social na Área Metropolitana de Lisboa (AML)», que decorre esta sexta-feira em Lisboa.

Isabel Monteiro diz que, com os salários a diminuir e os preços a aumentar, está a chegar-se ao ponto de, mesmo as pessoas que têm emprego, não conseguirem pagar todas as despesas fixas.

A representante da Cáritas alertou ainda que atualmente o fenómeno do desemprego pode afetar qualquer um. «Amanhã podemos ser todos nós», destacou.

Consciente de que há muita pobreza envergonhada, especialmente entre os desempregados da classe média, média-alta, Isabel Monteiro apelou às pessoas para não esperarem por uma situação de «rotura total» para pedirem ajuda.

Para exemplificar o aumento da pobreza em Portugal, a responsável referiu que a Cáritas Portugal atendeu 80.130 pessoas entre janeiro e junho deste ano.

«Em junho de 2011 atendemos 8.275 pessoas e no mesmo mês deste ano esse número subiu para 14.654. Foi um aumento de 56 por cento», frisou.

Na conferência esteve Maria Helena André, do Banco Alimentar, que sublinhou que a «pobreza está, de facto, a aumentar e muito» e que os pedidos de ajuda também.

Em declarações à Lusa, a presidente da Comissão Permanente de Coesão Social da AML, Sofia Cabral, disse que esta conferência se impõe para se tentar encontrar soluções neste momento de crise.

«A AML é hoje a região do país com a mais alta taxa de desemprego. Esta conferência é oportuna, dado o atual contexto económico e financeiro que o país atravessa», disse.

Sofia Cabral alertou também que, para o próximo ano, «as desigualdades sociais, o desemprego, a precariedade no emprego e a pobreza tendem a aumentar».

«Por isso, é o momento oportuno para falar com entidades que trabalham na área social e com especialistas que se debruçam sobre esta matéria», acrescentou.

De acordo com o Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa (OLCPCL), até final de setembro estavam desempregadas 160.678 pessoas na AML.