in Angela Roque, in RR
Campanha de recolha decorre no próximo fim-de-semana.
O Banco Alimentar contra a Fome está acima das divisões ideológicas que a recente polémica com as declarações de Isabel Jonet veio avivar, diz Pedro Vaz Patto que no debate desta quarta-feira na Renascença disse acreditar que a campanha de recolha do próximo fim-de-semana não será prejudicada.
"Eu acho que o Banco Alimentar está acima dessas divisões e tem congregado o apoio de todas as pessoas independentemente das suas convicções. No início tive receio quando vi apelos ao boicote, às pessoas não colaborarem. Penso que isso passará", disse.
Pedro Vaz Patto lamenta os juízos de valor que foram feitos - alguns até por responsáveis políticos - e considera um erro os que menosprezam iniciativas como as do Banco Alimentar e acham que o Estado Social devia bastar.
"Não se deve contrapor o Estado Social a este tipo de iniciativas porque se complementam. O Estado não pode chegar a todo o lado. É evidente que combater a fome, dar de comer a quem tem fome, não vai à raiz do problema da pobreza, é importante também pensar nisso. Implica transformações estruturais. Enquanto não há essas transformações estruturais as pessoas continuam a passar fome, não deixam de passar fome por causa de manifestações ideológicas, ou de grandes propósitos de transformação do sistema vigente. Portanto é preciso conciliar as duas coisas. E sobretudo também o Estado deve aproveitar estas energias, que são energias positivas, de pessoas que se dedicam voluntariamente a estas causas", acrescenta.
Pedro Vaz Patto também lamenta que alguns tenham desvirtuado o conceito cristão de "caridade", quando acusaram Isabel Jonet, a presidente do Banco Alimentar.
"Nessa polémica caracterizou-se este tipo de iniciativas de uma forma depreciativa com a palavra «caridade» ou ‘caridadezinha’. Ora bom, eu acho que nós os cristãos devemos salvaguardar aquele que é, de facto, o sentido autêntico da caridade, que é a virtude cristã por excelência, e que o Papa Bento XVI, na Encíclica ‘Cáritas in Veritate’ caracteriza como ‘a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira’. Não é dar uma esmola, é dar tudo como deu Jesus. Portanto acho que é bom não deixar que esta palavra e este conceito de caridade seja desvirtuado", acrescenta.
O Banco Alimentar apoia mais de 330 mil portugueses através de várias instituições de solidariedade social em todo o país. A par da campanha de recolha nos supermercados, que vai decorrer sábado e domingo, já está activa a campanha on-line.
Pode colaborar até 9 de Dezembro através do site www.alimenteestaideia.net
A propósito do Advento, que começa Domingo, no debate desta noite na Renascença também se falou da iniciativa "Presépio na Cidade", que regressa ao Chiado segunda-feira e de como o novo livro do Papa não retira do presépio nem a vaca nem o burro. O debate contou ainda com a presença de Bernardo Cardoso, um dos organizadores do encontro "Fé - o Grande Método da Razão", que está a decorrer no Campo Pequeno em Lisboa.