24.11.12

Estado Social sofre hoje inegáveis abalos, diz Bispo do Porto

in Público on-line

Para ser de facto um Estado social, é hoje preciso reforçar a "sociedade solidária"


O bispo do Porto, Manuel Clemente, afirmou esta sexta-feira que, apesar de representar “um ganho indispensável para qualquer sociedade justa, o Estado Social sofre [actualmente] inegáveis abalos, pelo enfraquecimento da base económica e financeira que o sustentou”.

Na sessão de abertura da Semana Social, que decorre no Porto sob o tema “Estado Social Sociedade Solidária”, Manuel Clemente considerou que para “garantir e desenvolver” o Estado Social no actual contexto, “interno e externo”, é preciso “reforçar a sua base humana”, ou seja, “a sociedade solidária”.

“Nada disto se consegue sem activação política que não desista do debate e da inclusão de todas as pessoas e corpos sociais e culturais que, em conjunto, procuram e acrescentam o bem comum, de todos para todos”, alertou.

Apontando várias referências da “Caritas In Veritate”, que o papa Bento XVI escreveu há mais de três anos, o também vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou que o tema em discussão nesta semana deveria ser “reformulado ao contrário, pressupondo uma sociedade solidária para garantir um Estado Social”.

“Mas pressupor exige realismo e compromisso, não só idealismo e bons propósitos”, disse.

“Requer concretamente ter em grande consideração o bem comum [...]. O bem daquele ‘nós todos’, formado por indivíduos, famílias e grupos intermédios que se unem em comunidade social”, disse.

Para Manuel Clemente, “esta caracterização papal do bem comum” é uma “importantíssima referência, sobretudo no actual contexto, em que a urgência de soluções gerais pode levar a esquecer realidades sociais compósitas, que têm que ser respeitadas e envolvidas nas soluções”.

O bispo do Porto defendeu que o “Estado social só se garantirá no futuro, internacionalmente também, se as sociedades forem de facto muito mais solidárias”, lembrando que Bento XVI escreve a propósito disto que “a actividade económica não pode resolver todos os problemas sociais através da simples extensão da lógica mercantil”.

Esta iniciativa, promovida pela CEP de três em três anos, decorre até domingo na Casa de Vilar, no Porto, contando com a presença de cerca de 300 pessoas.