por Marta Grosso, in RR
Especialista em psicologia das organizações defende que apostar no que parece caro - os recursos humanos - pode sair mais barato do que parece.
e se vive em Portugal, o despedimento é uma das opções que surge frequentemente como solução para reduzir custos. Mas esta pode ser a altura de apostar ainda mais nos trabalhadores, segundo uma especialista em psicologia das organizações e empreendedorismo.
Patrícia Jardim da Palma considera que é através dos funcionários que se pode contrariar a espiral negativa do negócio. Os recursos humanos representam, em geral, a maior fatia das despesas de uma empresa, mas são também eles que a fazem crescer e desenvolver, refere.
"Quando a empresa se centra na ideia de corte de custos e na redução drástica de custos, as pessoas reagem a procurar defender aquilo que é o seu pequeno posto de trabalho." Na prática, isto traduz-se, segundo Patrícia Jardim da Palma, em esquecer "a ideia global" da empresa.
"Começa-se a perder muitas sinergias, muita criatividade e a empresa só está a trabalhar para atingir os mínimos", sustenta Patrícia Palma, em declarações à Renascença.
Então, qual é a alternativa a despedir? "Primeiro ponto de qualquer liderança: motivar os trabalhadores, para poder extrair todo o seu potencial. Criar o sentimento de que a empresa está também nas suas mãos – não são mais uma pessoa –, que depende da sua contribuição, do seu trabalho. É a partir deste sentimento que se criam relações, parcerias, novas ideias e que se criam e detectam novas oportunidades", afirma a especialista, que é docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).
"Tem muito que ver com a ideia de inovação e empreendedorismo corporativo. Cada vez mais, as empresas hoje têm de estar a detectar novas oportunidades", o que não acontece só com grandes ideias, diz Patrícia Jardim da Palma, mas também com "pequenas melhorias", que surgem quando as pessoas estão "apaixonadas pelo seu posto de trabalho".
A docente do ISCSP lembra que todos os planos têm imprevistos – ainda mais em tempo de crise –, que são mais facilmente ultrapassados quando o trabalhador "está motivado e numa óptica de aplicar todas as suas forças". "Perante cada imprevisto, a pessoa é capaz de dar resposta e de superar os problemas."
As recentes alterações ao código do trabalho, que cortaram o pagamento do trabalho extraordinário ou realizado em dia feriado, não facilitam a função do líder, que tem de encontrar alternativas motivacionais. "As pessoas sentem que o que dão a mais em termos de horas de trabalho não é contabilizado em termos financeiros e, por isso, a motivação desempenha um papel fundamental aqui. As pessoas precisam de sentir que o desempenho da empresa também depende delas."