17.1.13

ONU alerta para nova recessão mundial se crise do emprego não for resolvida

in Jornal de Notícias

A ONU alertou, esta quinta-feira, para o "grave risco de uma nova recessão" se não forem adotadas medidas de combate ao aumento do desemprego no mundo e manteve a sua revisão em baixa das previsões de crescimento económico.

O diretor do relatório da ONU sobre a "Situação e Perspetivas da Economia Mundial 2013", Rob Vos, afirmou que o "agravamento da crise na zona euro, o abismo orçamental nos Estados Unidos e um abrandamento brusco da economia chinesa poderão causar uma nova recessão global" e salientou que "cada um desses riscos poderá causar perdas produtivas globais entre 1 e 3 %".

A ONU considera que as atuais políticas económicas baseadas na austeridade fiscal e nos cortes orçamentais "não conseguem oferecer o que é necessário para incentivar a recuperação económica e conter a crise do emprego".

"Apesar de os esforços terem sido significativos, especialmente na zona euro, a combinação de austeridade orçamental e de políticas monetárias expansivas teve um êxito desigual na hora de acalmar os mercados financeiros e menor êxito teve na hora de fortalecer o crescimento económico e a criação de emprego", refere o relatório.

A ONU defende então a alteração da estratégia em prol de políticas de consolidação orçamental a médio prazo, e não a curto prazo, num "esforço que deve ser coordenado a nível internacional e alinhado com políticas de criação de emprego e de crescimento sustentável".

Os especialistas das Nações Unidas consideram que a "economia mundial debilitou-se consideravelmente em 2012" e que a expetativa é que continue "deprimida nos próximos dois anos", mantendo a previsão de crescimento de 2,4 % para 2013 e de 3,2 % para 2014.

O relatório destaca que estas taxas de crescimento estão muito longe de contrariar a crise laboral que vários países enfrentam e alerta que, com as atuais políticas económicas, a "Europa e os Estados Unidos poderão demorar outros cinco anos a recuperar os empregos perdidos por causa da 'grande recessão' de 2008 e 2009".

A ONU considera que a debilidade das economias dos países desenvolvidos é a principal causa do abrandamento económico, principalmente dos países europeus, que enfrentam um "círculo vicioso de altas taxas de desemprego, fragilidade do setor financeiro, riscos soberanos crescentes, austeridade fiscal e baixo crescimento".

A recessão em várias economias da zona euro, o abrandamento económico dos Estados Unidos e a deflação no Japão "estão a afetar os países em desenvolvimento, através de uma procura mais débil das suas exportações e de uma maior volatilidade nos fluxos de capital e nos preços das matérias-primas", aponta o relatório.

A ONU manifestou a sua preocupação com a situação das principais economias em desenvolvimento, como a China, que "enfrentam um enfraquecimento da procura de investimento por causa das limitações financeiras em alguns setores da economia e de um excesso de capacidade de produção noutros".

A ONU prevê um crescimento na zona euro de 0,3 % em 2013 e de 1,4 % em 2014, nos Estados Unidos de 1,7 % em 2013 e de 2,7 % em 2014, no Japão de 0,6 % este ano e de 0,8 % no próximo e na China de 7,9 % em 2013 e de 8 % em 2014.