5.3.13

Bispo do Porto pede "outra pedagogia" ao Governo

in RR

Protestos são o reflexo “de uma sociedade que não desiste”, afirma D. Manuel Clemente.

O Bispo do Porto diz que é preciso que o Governo explique melhor aos portugueses o sentido dos sacrifícios que lhes estão a ser pedidos.

D. Manuel Clemente afirma que as “dificuldades são muitas” e é preciso outra pedagogia sobre as metas, os prazos e os modos.

“Os factores são tão complexos, tudo isto requer outra pedagogia, uma outra explicação de quem nos possa explicar as metas, os prazos – se é que eles se podem prever -, os modos, porque, senão, ficamos assim inquietos e é natural que nos manifestemos.”

Sobre as manifestações que, no sábado, juntaram centenas de milhares de portugueses contra a austeridade, o Bispo do Porto considera que esses protestos são o reflexo “de uma sociedade que não desiste”.

Em declarações à Renascença, à margem de uma conferência, em Lisboa, sobre Justiça e Sociedade, D. Manuel Clemente elogiou a maneira “muito civilizada” como decorreram as manifestações.

Menos disponibilidade material, não significa menos espírito solidário
O Bispo do Porto rejeita que os portugueses estejam menos solidários, mas reconhece que há hoje menos disponibilidade material do que há um ano, no que toca às dádivas para os mais carenciados.

O presidente da Cáritas, Eugénio da Fonseca, disse esta segunda-feira que o peditório nacional recolheu menos do que os quase 300 mil euros que arrecadou no ano passado.

A confirmar-se este resultado, D. Manuel Clemente reconhece que é um reflexo de um país mais pobre, mas rejeita que o sentido da solidariedade esteja mais enfraquecido entre os portugueses.

“Se realmente for menos do que foi no ano passado, é um sinal de que as pessoas têm menos disponibilidade material, mas não digo, de maneira nenhuma, que tenham menos disponibilidade de espírito e de solidariedade”, sublinha o Bispo do Porto.