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O secretário-geral da Cáritas Europa apresenta hoje em Lisboa o relatório “O impacto da crise europeia”, segundo o qual as políticas de austeridade não estão a resultar, aumentando o desemprego e os casos de pobreza e exclusão social.
O relatório da Cáritas Europa sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade nos cinco países mais severamente afectados (Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha), que Jorge Nuno Mayer apresenta hoje em Lisboa, foi divulgado em Dublin, na Irlanda, no passado dia 14 de Fevereiro.
O documento, que teve a participação da Cáritas Portuguesa, aponta alguns dos principais efeitos da crise económica e das medidas políticas tomadas para enfrentá-la bem como algumas recomendações que resultam da experiência de cada Cáritas junto da população
“A sua principal conclusão resulta num alerta desta Organização para o facto de as medidas de austeridade, como solução principal para o combate à crise, estarem a provocar efeitos negativos junto da população arrastando muitas famílias para novas situações de pobreza”, refere a Cáritas Portuguesa.
A Cáritas Europa e os países que participaram neste relatório defendem que é necessário encontrar-se medidas alternativas à austeridade e alertam para os efeitos negativos junto da população mais carenciadas, em que se destacam as crianças.
Segundo o documento, a taxa de pobreza infantil, em Portugal, ultrapassa, há oito anos, a média europeia, tendo-se fixado nos 22,4 por cento, em 2011.
Relativamente à taxa de pobreza em Portugal, o relatório aponta que é superior à média da UE a 27, atingindo o 20.º lugar, sendo ultrapassada apenas pelos valores de Itália, Grécia, Lituânia, Bulgária, Espanha, Roménia e Letónia, segundo a Cáritas.
A taxa de risco de pobreza em Portugal caiu entre 2004 e 2009, ano em que se situava nos 17,9%, valor que se manteve até 2010 e acima da média europeia (16,4%). Em 2011 subiu para 18%, o que representa mais de 1,9 milhões de pessoas,
“Este aumento acontece não obstante o facto de o limiar da pobreza ter baixado, entre 2010 e 2011, em linha com uma quebra generalizada dos rendimentos”, explica o documento.
Nas pessoas com 65 ou mais anos, o risco de pobreza era de 21%, em 2010, e os dados mais recentes sugerem uma taxa de 20%, em 2011, semelhante à taxa de 2009 e superior à média da UE27 (16% em 2010).
“Mesmo que a taxa tenha diminuído, ainda permanece consideravelmente superior à taxa para a população em idade activa (18-64 anos), fixando-se nos 15,7%”, adianta o documento.
O documento aponta para o cenário de uma Europa onde os riscos sociais estão a aumentar, os sistemas sociais estão a ser pressionados e os indivíduos e as famílias estão colocados numa situação de enorme tensão.
Lusa/SOL