Autor: João Miguel Ribeiro, in PT Jornal
Fernando Ulrich, o banqueiro que disse que Portugal “aguenta” mais austeridade, considera agora que o desemprego “não fica por aqui”, devendo continuar a subir nos próximos cinco anos. Para tirar o país da crise, o presidente do BPI apela às “atuações voluntaristas” da sociedade.
Será que o país aguenta a crescente subida do desemprego? Fernando Ulrich, o presidente do BPI que causou polémica ao afirmar que Portugal “aguenta” mais austeridade, não quer prever os cenários caso a recessão continue nos próximos cinco anos, como antecipam alguns economistas após os resultados da sétima avaliação da troika.
Ontem à noite, na SIC Notícias, Ulrich disse não saber “onde vai parar o desemprego, mas não fica por aqui” se se confirmarem as previsões de recessão por mais cinco anos. Na mesma entrevista, o presidente do BPI declarou que não lhe “passa pela cabeça recomendar” o desemprego “como remédio para a sociedade portuguesa ou que isso seja bom” para a própria economia nacional.
Uma economia que, mesmo que mude com alterações profundas nas políticas macroeconómicas e nos mecanismos de mercado, continuará a ter tendência a afundar, no entender do banqueiro. Para Ulrich, “são necessárias atuações voluntaristas” por parte de “uma sociedade entristecida, desmotivada e descrente” que, apesar de tudo, “está a mudar” lentamente.
“Temos de mobilizar os esforços de todos os que têm capacidade para fazer alguma coisa de positivo pela sociedade portuguesa, desde logo ao nível da criação de emprego e do investimento”, insistiu o líder do BPI.
Analisando a atuação do Governo, Ulrich considerou que “Governo negociou de forma mais dura com a troika” e defendeu a equipa de Passos Coelho perante a crescente contestação: “aqueles que estão a fazer oposição apenas dizendo que negociaram melhor, provavelmente vão perder esse espaço”.