8.3.13

Portugal entre os países europeus com mais mulheres a sustentar a família

in TSF

Desemprego coloca cada vez mais homens em casa, o que não significa menos trabalho doméstico para as mulheres.

O jornalista Nuno Guedes falou com Sofia Aboim, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Portugal está entre os países onde há mais famílias que têm na mulher a única pessoa empregada: perto de 17 por cento, numa percentagem praticamente igual à das famílias onde o homem é o único a sustentar a casa.
O crescimento das chamadas "mulheres ganha-pão" foi enorme nos últimos anos. Sofia Aboim, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, admite que ficou espantada quando começou a analisar os números do último Inquérito Social Europeu porque, sublinha, «neste momento o ganha-pão masculino e feminino têm percentagens praticamente idênticas».
A socióloga recorda que o desemprego masculino levanta algumas questões complexas de identidade pessoal pois o homem sempre foi visto na nossa sociedade como o principal ganha-pão da família.
Sofia Aboim fala mesmo em mudanças profundas na sociedade e nas familias portuguesas que se reflectem nestes números: em 2002 menos de 2% das famílias tinham o homem em casa e a mulher a trabalhar; em 2010 já iam em 16,5%.
O crescimentos das mulheres ganha-pão tem sido, tudo indica, forçado pelo aumento do desemprego. Sinal disso está no facto de homem em casa não signicar menos trabalho doméstico para a mulher: pelo contrário, sublinha Sofia Aboim, estamos perante famílias onde a divisão de tarefas é menor e as mulheres estão mais sobrecarregadas.
A socióloga acredita que o crescimento das famílias que têm na mulher o único sustento é culpa, sobretudo, do desemprego que atingiu com uma força ainda maior sectores, como a construção civil, que empregavam sobretudo os homens.