por Raquel Abecasis, in RR
Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) é o convidado do “Terça à Noite”, onde deixa críticas ao Governo e ao Presidente da República. António Saraiva considera também que a “troika” mudou de ideias quanto a Portugal.
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) não tem dúvidas: quem manda no país é Vítor Gaspar, que põe e dispõe como entende.
“O ministro da Economia tem ideias, como a famosa questão dos 10% de IRC, mas esbarra na impossibilidade que o ministro das Finanças diz existir, porque quem comanda de facto este país, ao contrário do que toda a gente pensa, não é o primeiro-ministro, é o ministro das Finanças”, afirma António Saraiva no programa da Renascença “Terça à Noite”.
O patrão da CIP deixa duras críticas à actuação do Executivo de Pedro Passos Coelho e reconhece que “o acordo de concertação social, hoje, mantém-se muito mais por vontade dos parceiros do que do Governo, que tem, de uma forma errática, mantido a concertação social em banho-maria”.
António Saraiva também não poupa o Presidente da República, que acusa de “um silêncio ensurdecedor”.
Em seu entender, Cavaco Silva está muito aquém daquilo que se esperaria de um Presidente num momento difícil como o que enfrenta Portugal. O chefe de Estado, defende, devia empenhar-se em “exigir aos partidos acordos de regime”.
O antigo engenheiro da Lisnave critica ainda a posição de alguns patrões e banqueiros, que dizem que o país “aguenta, aguenta”. António Saraiva discorda e afirma que não há mais nada para aguentar.
“O país não aguenta mais austeridade. Os reformados não suportam mais cortes, os nossos jovens não podem continuar a emigrar. Receio que a conflitualidade social possa ocorrer sem se saber quando. Pode ocorrer a qualquer momento”, avisa.
A “troika” mudou de ideias
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal diz ter ficado com a convicção de que os financiadores de Portugal mudaram de ideias após o encontro com os representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Central Europeu (BCE) e da Comissão Europeia.
“Finalmente, achei-os disponíveis para estes dois factos: primeiro diziam-nos que a economia portuguesa estava viciada em crédito, já reconhecem hoje que há carência de crédito na economia, da mesma maneira que reconhecem que tem de haver uma política fiscal amiga do investimento”, descreve.
António Saraiva revela ainda ter tido a garantia por parte da “troika” da sua acção para impulsionar uma diferente política fiscal para as empresas.