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Observatório Europeu alerta para o facto de o mercado estar a ser invadido por drogas novas, não controladas pelo direito internacional e muitas vezes rotuladas como “alimentos para plantas”.
O consumo de droga é uma das principais causas de morte entre os jovens na Europa, refere o Relatório Europeu sobre Droga 2013, divulgado esta terça-feira, em Lisboa, pela agência europeia de informação sobre este problema (EMCDDA).
A taxa de mortalidade ronda os 1% a 2% por ano e é influenciada, directamente, pelo consumo de droga, através de "overdoses" ou, indirectamente, por doenças várias (sobretudo, infecto-contagiosas) e acidentes, violência e suicídio.
Os últimos dados compilados pelo EMCDDA (OEDT- Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência na anterior designação em português) apontam para uma descida do número de mortes por "overdose", registando-se, ainda assim, 6.500 casos.
A canábis é a droga ilícita mais experimentada pelos estudantes europeus, embora o consumo tenha diminuído um pouco em relação ao início do século XXI. Mesmo assim, os especialistas estimam que 15,4 milhões de jovens europeus, entre os 15 e os 34 anos, a tenham consumido no último ano.
A canábis é também, com bastante destaque, a droga mais apreendida na Europa, com cerca de 2.500 toneladas por ano, seguida da cocaína, que registou o dobro das apreensões notificadas para as anfetaminas e para a heroína. Segundo o relatório, o número de apreensões de drogas ilícitas efectuadas na Europa atingiu, em 2011, um milhão, sendo que a tendência tem sido de crescimento substancial.
Novas drogas no mercado
O Observatório Europeu alerta, por outro lado, para a invasão do mercado por drogas novas, não controladas pelo direito internacional e muitas vezes rotuladas como “alimentos para plantas”.
Os dados deixam a comissária europeia dos Assuntos Internos, Cecilia Malmström, "simultaneamente confiante e preocupada". Por um lado, as políticas de luta contra a droga e os níveis recorde de tratamento parecem estar a diminuir o consumo da heroína, da cocaína e da canábis em alguns países, o que também reduz a transmissão de VIH.
"Mas estou também preocupada, pois um quarto dos adultos europeus - ou seja, 85 milhões de pessoas - já consumiu uma droga ilícita, o que significa que o consumo de drogas na Europa se mantém elevado", ressalvou.
A sua preocupação deve-se também ao facto de existir "um mercado de estimulantes cada vez mais complexo e uma oferta imparável de novas drogas, que são cada vez mais variadas".
Drogas sintéticas proliferam através da Internet
A quantidade, o tipo e a disponibilidade de novas drogas sintéticas na Europa aumentaram em 2012, proliferando sobretudo através da Internet e acarretando fortes desafios para a saúde pública, a aplicação de legislação e a tomada de decisões políticas.
De acordo com o relatório hoje conhecido, em 2012 foram "oficialmente notificadas, pela primeira vez, 73 novas substâncias psicoactivas", através do Sistema de Alerta Rápido (SAR) da UE, o que, para os especialistas, "confirma a tendência para o aumento de novas substâncias notificadas em cada ano: 24 em 2009, 41 em 2010 e 49 em 2011".
Até há cerca de 10 anos, a maior parte das novas substâncias psicoactivas que surgiam no mercado europeu da droga era produzida em laboratórios clandestinos ou proveniente de medicamentos desviados e era vendida directamente no mercado de drogas ilícitas.
"Embora a situação se mantenha, o aparecimento de um comércio próspero de 'euforizantes legais' na Internet e em lojas especializadas, em zonas urbanas, causou uma profunda mudança no mercado da droga. Actualmente, estas substâncias, frequentemente produzidas na China e na Índia, são importadas a granel para a Europa, onde são processadas, embaladas e vendidas", informa o documento europeu.