in Jornal de Notícias
Mais de 25% das vendas na área alimentar do setor distribuição deverá ter sido realizada com descontos, disse esta terça-feira a diretora-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição.
As vendas da distribuição em Portugal caíram 1,9% no ano passado, face a 2011, para 20.636 milhões de euros, de acordo com o barómetro de vendas da APED, que esta terça-feira foi apresentado em conferência de imprensa.
No segmento alimentar, as vendas aumentaram 1,3% para 12.451 milhões de euros, enquanto no não alimentar registou-se uma quebra de 6,4% para 8.185 milhões de euros.
Questionada sobre o peso das promoções nas vendas, Ana Isabel Trigo Morais disse que era difícil estimar, no entanto admitiu que no setor alimentar este deverá ter sido acima dos 25% no ano passado.
"Não temos dados parametrizados que nos permitam dizer com rigor, temos imensos formatos de promoção, mas ainda não temos instrumentos para medir", explicou a diretora-geral da APED.
No entanto, "fizemos em 2011 um estudo com base na informação prestada diretamente pelos nossos associados e tínhamos a ideia que 25% do total de vendas era feita com desconto", no setor alimentar, adiantou.
"Acho que em 2012 isso se acentuou bastante", disse, apontando que há atualmente uma quantidade "muito expressiva" de produtos com desconto.
"Deveremos estar acima dos 25% das vendas realizadas com desconto".
Questionada se as promoções poderão já representar um terço das vendas, Ana Isabel Trigo Morais disse não poder dar dados concretos sobre o assunto. "Admito que sim", disse apenas.
"Seria desejável para todos que pudéssemos começar a sair desta crise de consumo que estamos a viver nos últimos dois anos porque tem vindo a pressionar o mercado ao longo de toda a sua cadeia", disse quando questionada até quando o setor da distribuição vai aguentar a onda de promoções.
Na sua opinião, as preocupações relativas ao crescimento do consumo deveriam estar na "agenda política", mas, acrescenta, "2013 é um ano complexo".
"A nossa expectativa, enquanto houver um crescimento do desemprego, uma carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho da dimensão que existe em Portugal e uma política que não tenha preocupação com o crescimento do consumo na sua agenda, não é possível à distribuição modificar substancialmente a proposta de valor que coloca aos consumidores", conclui.