Por Erika Nunes, in Dinheiro Vivo
Em média, os portugueses gastam metade do tempo dos outros habitantes da OCDE em voluntariado: apenas dois minutos, contra uma média de quatro minutos diários - o que nos coloca em 30º lugar no ranking de 36 países. E, ao contrário do que dizem os anúncios, também estamos abaixo da média da OCDE no que toca a ajudar estranhos: só 45% refere tê-lo feito no último mês, contra 48% em média nos países da OCDE.
Também no que toca a considerarmos que podemos contar com o apoio social da comunidade em tempo de dificuldade, estamos abaixo da média da OCDE: 85% versus 90%. Mas este sentimento é agravado pela percepção das pessoas com menos educação escolar (só 75% acha que pode contar com ajuda da comunidade), já que 95% das que concluiram o ensino secundário acredita no apoio da comunidade em tempos difíceis.
O item "comunidade" do indice de qualidade de vida da OCDE mede o grau de envolvimento da população em ações altruístas ou de voluntariado, como forma de obter bem estar e satisfação pessoal. Em países como a Nova Zelândia ou os EUA as pessoas chegam a gastar o dobro do tempo médio nessas atividades, ou seja, oito minutos por dia. O apoio da comunidade é importante para as pessoas, por isso a OCDE também quis saber se acham que podem contar com alguém na comunidade e 90% consideram que sim - resposta mais frequente entre quem concluiu o ensino secundário (93%) e menos entre os que apenas têm o ensino primário (84%).
No que diz respeito à segurança pública, Portugal também não transmite uma boa impressão aos portugueses - estamos em 27º no ranking de 36 países. Nos países da OCDE, apenas 4% das pessoas dizem que foram assaltadas ou roubadas nos últimos 12 meses, sendo esta declaração mais elevada no México (13%) ou no Chile (8%) e menor no Canada, no Japão, na Polónia ou no Reino Unido (menos de 2%). Em Portugal, 5,8% das pessoas referem ter sido alvo de um daqueles ataques no último ano.
Só na taxa de homicídios Portugal consegue estar acima da média da OCDE, com apenas 1,2 por 100 mil habitantes, por comparação a 2,2 por 100 mil habitantes.
Mas, enquanto 67% dos habitantes da OCDE dizem que se sentem seguros nas ruas depois de anoitecer, só 49% dos portugueses considera seguro andar sozinho à noite.
O índice de qualidade de vida da OCDE pretende contabilizar o que "mais existe na vida além dos números frios do PIB e das estatísticas económicas", baseando-se em onze tópicos que seleccionou como essenciais para as condições e qualidade de vida das populações: habitação, rendimentos, empregos, comunidade, educação, ambiente, participação cívica, saúde, satisfação com a vida, segurança e equilíbrio trabalho-vida.