por Lusa, texto publicado por Paula Mourato, in Diário de Notícias
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio, conselheiro de Estado, afirmou hoje que em Portugal a "situação está económica, financeira e politicamente bloqueada" e que o consenso "agora está esgotado".
Em entrevista à Antena 1, conduzida pela jornalista Maria Flor Pedroso, Jorge Sampaio sublinhou que há poucas saídas para esta situação de bloqueio, porque não seria fácil para o Presidente da República, Cavaco Silva, dissolver o parlamento.
"É muito difícil de fazer, porque só é claro se houver uma alternativa. Ela existe, mas tem de encorpar", defendeu.
No entender do antigo chefe de Estado, o consenso político "agora está esgotado".
"E está esgotado a partir da moção de censura do PS" e, do lado dos partidos de esquerda, também não vislumbra "qualquer condição para que seja possível [um entendimento] ao nível do Governo", apenas ao nível autárquico, declarou.
Na opinião do antigo chefe de Estado, "é preciso intimidade, confiança", o que "é um resultado, um compromisso, uma negociação que demora tempo, não é para se fazer às claras".
Sobre o Conselho de Estado, na passada segunda-feira e que durou cerca de sete horas,, Jorge Sampaio admitiu que a realização de eleições antecipadas esteve em cima da mesa na discussão e acrescentou que, no seu entender, uma consulta aos eleitores não é "algo que se tenha de evitar a todo o custo".
"A democracia tem soluções e o Presidente da República ouviu-nos durante sete horas e já percebeu qual é a opinião de cada um de nós", adiantou Jorge Sampaio.