por Ana Margarida Pinheiro, in Dinheiro Vivo
Itália prepara-se para aplicar um plano inovador, que promete dar que falar. O governo Enrico Letta quer reduzir o horário dos trabalhadores mais velhos e colocá-los a ensinar colegas mais jovens, que ao fim de um período os passarão a substituir.
A ideia é criar uma "transferência geracional"que permita abrir vagas ao mesmo tempo que se prepara a saída de pessoas cuja idade ou tempo de trabalho já vai avançada.
Enrico Giovannini, ministro da Economia italiano e impulsionador deste regime, não esquece que o “o plano é caro”, uma vez que vai exigir o pagamento de novas pensões, não havendo criação direta de emprego, mas sim uma substituição dos ocupantes dos postos, mas acredita que “é possível” atacar os números por esta via, e até já conta com o apoio de várias uniões sindicais italianas.
O que está em causa? Que uma pessoa perto da idade da reforma possa trabalhar metade do tempo e receber metade do salário tendo as suas funções completadas pelo trabalho de alguém mais jovem. Estes 'ajudantes' seriam contratados a um preço menor, mas as regalias dos antigos trabalhadores não sairiam prejudicadas já que manterias todas as contribuições normais, não sendo prejudicados na contabilização para a reforma, ainda que fosse o Estado a pagar o valor remanescente e não as empresas, como escreve hoje o The Wall Street Journal.
À semelhança de Portugal, Espanha ou Grécia, Itália também apresenta níveis de desemprego muito elevados: 38,4% dos jovens não têm emprego e a sua maioria são pessoas altamente qualificadas cujas empresas do país não têm capacidade para absorver. Este plano, que já foi aprovado no Parlamento italiano, terá capacidade para integrar 500 mil jovens, que ao fim de cinco anos poderão ver o posto tornar-se definitivo. O custo estimado para o Estado italiano é de cerca de mil milhões de euros ao ano.
Para que o projeto possa arrancar em pleno, o governo italiano terá, agora, de implementar um conjunto de medidas, que incentivem as empresas a optar por este modelo. Em causa poderão estar pequenas alterações à lei que facilitem a contratação temporária de trabalhadores e a renovação dos seus contratos e a entrega de suplementos salariais para trabalhadores em licença.