por Lusa, editado por Ricardo Simões Ferreira, in Diário de Notícias
A organização Oxfam, que na terça-feira denunciou perdas de 120 mil milhões de euros para os cofres dos governos devido aos paraísos fiscais, lamentou hoje a "tímida ambição" da União Europeia (UE) no combate à fraude e evasão fiscal.
Saiba quais são e como funcionam os paraísos fiscais no mundo:
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Os líderes dos 27 "falharam ao não acordarem no estabelecimento de uma lista de paraísos fiscais e em impor sanções contra estes e contra quem faz uso deles", considerou a Oxfam, em comunicado, no mesmo dia em que se realizou a cimeira de chefes de estado e governo em Bruxelas.
Os chefes de Estado e governo comprometeram-se hoje em reforçar o combate à evasão e fraude fiscal, dando-se seis meses para realizar a troca automática de informação bancária entre os países.
Na terça-feira, esta organização não-governamental afirmou que os designados paraísos fiscais escondem 14 biliões de euros, o que significa uma perda de receita fiscal para os governos em torno dos 120 mil milhões de euros.
"Os líderes da UE na sua reunião deveriam colocar-se de acordo para agir de imediato de forma a acabar com a evasão fiscal, mas antes precisam colocar a sua própria casa em ordem", defendeu a organização, em comunicado.
A Oxfam especificou que dois terços do dinheiro colocado nos paraísos fiscais estão relacionados com a UE.
Os números da organização indicam que "dois terços dos fundos, cerca de 9,5 biliões de euros, estão em paraísos fiscais relacionados com a União Europeia".
A ONG disse que usou a lista dos EUA de paraísos fiscais, dos quais 21 estão relacionados com a UE, metade dos quais (10) com apenas um estado-membro, o Reino Unidos, para o caso, referindo-se a Anguila, Bermudas, Ilhas Virgens Britânicas, Caimão, Gibraltar, Guernsey, Ilha de Man, Jersey, Montserrat e Turks e Caicos.
"Em momentos como o atual, em que cidadãos de países ricos e pobres sofrem a austeridade devido aos défices dos orçamentos nacionais, esse dinheiro poderia proporcionar o financiamento de serviços públicos essenciais, como saúde e educação", considerou a organização.
A responsável da Oxfam para a UE, Natália Alonso, considerou "escandaloso" que os governos permitam esta situação, ao mesmo tempo que considerou que estas quantidades imensas de dinheiro em paraísos fiscais poderiam ajudar a acabar com a pobreza extrema no mundo.
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