Salomé Filipe, in Jornal de Notícias
Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, em Ílhavo, faz sucesso na Internet e é um exemplo para os lares de terceira idade
Se um mundo só de emoções, amor e alegria existisse, ele estaria no Centro Comunitário da Gafanha do Carmo, em Ílhavo. Essa é a convicção dos utentes e funcionários da instituição, que possui valências de lar, centro de dia e apoio domiciliário.
A Internet foi a porta de abertura para o Mundo e o dia-a-dia dos idosos é acompanhado, no facebook, por centenas. Os vídeos que produzem, e que colocam online, são partilhados por todo o mundo. E o mais conhecido, uma reprodução do "Harlem Shake", foi visto por 200 mil.
Quem entra no Centro Comunitário sente a magia. Não falta cor, um sorriso ou um abraço amigo. "Somos uma família. Todos os dias, quando chegamos, damos dois beijinhos e um abraço a todos os utentes", conta Ângelo Valente, animador.
É uma alegria
A Ângelo junta-se Sofia Nunes, gerontóloga. Ambos garantem que a aposta do projeto são os "afetos". E foi com base nos afetos, "no toque, no abraço e no riso", que a equipa do Centro catapultou os idosos para a fama, nas redes sociais. "Ame mais", o lema de um dos vídeos, é posto em prática todos os dias, junto dos 39 idosos.
"Viver aqui é uma alegria. Estamos sempre em festa. Achava que viver num lar seria bem mais triste", confessa José Coelho, 82 anos, um dos idosos institucionalizados e um dos mais entusiastas de cada atividade. "Não deve haver no Mundo lugar melhor que este", garante Alfredo Mesquita, de 83 anos.
O dia-a-dia da instituição é passado em movimento. Desde caminhadas pela vila, a idas ao café, passando pela ginástica, bailes ou pelos momentos dedicados ao visual de cada um, há sempre agitação. "Queremos que o idoso esteja sempre em primeiro lugar", explica Sofia. "Tentamos promover a autoestima e fazer com que saiam do lar. Quando um de nós precisa de ir à rua, os outros vão também. Os mais independentes empurram sempre uma cadeira de rodas dos mais dependentes", ressalva Ângelo.
Atentos ao facebook
A página do facebook foi criada, inicialmente, para que os familiares dos utentes, principalmente os que vivem no estrangeiro, pudessem acompanhar os idosos, mas rapidamente foi invadida por centenas de comentários e de partilhas. Depois, na sala de estar do lar, através do ecrã plasma, os idosos acompanham o que se passa na Internet. "Lemos-lhes os comentários e eles estão sempre a par de tudo", conta Sofia.
Ao lado da "família" está sempre "Vadio", o cão que adotaram, e cujo álbum de fotografias, no facebook, já foi partilhado por 400 pessoas.