23.5.13

Merkel diz que sair da crise "não é questão de dinheiro"

por Ana Margarida Pinheiro, in Dinheiro Vivo

Depois do sexto trimestre de recessão, a austeridade parece começar a desaparecer do discurso dos líderes europeus. A uma voz, os responsáveis políticos começam a rejeitar mais medidas recessivas e as palavras crescimento, desemprego e estímulo fiscal são cada vez mais comuns.

De qualquer forma as medidas para inverter uma tendência de mais de um ano de contração económica continuam a tardar. Depois do pacote de seis mil milhões de euros, iniciativas de sete anos para tentar combater o desemprego jovem - agora em 24% na região - os governos nacionais não estão disponíveis para voltar a investir.

"Não é uma questão de dinheiro", afirmou ontem Angela Merkel no final da reunião de líderes. "E uma questão de olhar para a forma como de tornar este dinheiro produtivo".

Os dezassete do euro estão em contração desde o terceiro trimestre de 2011 e, este ano, a economia da zona monetária vai voltar a cair. A Comissão Europeia até já reduziu a sua previsão de 0,3% para 0,4%, a quinta redução de previsões desde novembro de 2011.

Para já, os líderes centraram-se no reforço à fiscalidade como forma de evitar a evasão fiscal de grandes empresas. Como lembrou, ontem, François Hollande, conhecido pelo combate à austeridade, "é mais fácil pedir impostos a quem não os paga do que pedi-los a quem já está a pagar".

Bruxelas deseja que, num momento "de contenções orçamentais e de cortes nas despesas", os 27 aumentem a cooperação entre si, para obter melhores resultados na cobrança de impostos e, desse modo, "justificarem" também uma maior aceitação política e social da consolidação orçamental, tendo Portugal já assinalado a intenção de aderir ao projeto-piloto de troca automática de informações.